Segundo o documento, intitulado “Índice de Democracia – Na Doença e na Saúde?”, que analisa 167 países e territórios e exclui os micro Estados, a pandemia de covid-19 “agravou as falhas democráticas existentes na Europa Oriental e na América Latina, com controlos e balanços fracos, corrupção persistente e pressões sobre a liberdade de imprensa”.
Na 13.ª edição do relatório, que começou a ser elaborado em 2006, o EIU refere que o Médio Oriente, a África e a África Subsaariana “tiveram um ano terrível”, uma vez que os líderes autocráticos usaram a pandemia para reprimir a oposição. Em sentido oposto, a Ásia ganhou três “democracias plenas” – Japão, Coreia do Sul e Taiwan.
Segundo o relatório, os Estados Unidos mantêm-se como uma “democracia com falhas”, polarizada em termos de política e valores fundamentais, necessitando, agora, de uma unidade social para atingir o estatuto de “democracia total”.
“Em 2020, as medidas tomadas pelos governos para enfrentar a emergência de saúde pública causada pela pandemia do coronavírus implicaram a suspensão das liberdades civis de populações inteiras por períodos prolongados. A renúncia voluntária às liberdades fundamentais por milhões de pessoas foi talvez uma das ocorrências mais notáveis num ano extraordinário”, afirma Joan Hoey, autora do relatório e diretora regional para a Europa da The Economist Intelligence Unit.
Joan Hoey sublinha que a maioria das pessoas aceitou as decisões dos seus governos de retirar os seus direitos e liberdade com base nas evidências sobre uma nova doença mortal, para a qual os humanos não tinham imunidade natural e que prevenir uma perda catastrófica de vidas justificava uma perda temporária de liberdade.
“O facto de as pessoas relutantemente aceitarem o distanciamento social e os confinamentos como os melhores meios de combater o novo coronavírus não significa que os governos não devam ser criticados pelas falhas democráticas. A pandemia chamou a atenção para a natureza da governança nas democracias do século XXI e, em particular, para a relação entre os governos e o povo, expondo défices democráticos que existem há muito tempo”, alertou.
Segundo o relatório, em 2020, a grande maioria dos países, 116 de um total de 167 (quase 70%), registou uma queda na pontuação total em comparação com 2019. Apenas 38 países (22,6%) registaram uma melhoria e os restantes 13 estagnaram, com as pontuações inalteradas em comparação com 2019.
C/Lusa