No debate sobre política geral que decorre na Assembleia da República, o líder da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, assinalou que passam seis meses sobre a posse do Governo, considerando que o executivo entrou em "desnorte".
Entre os exemplos usados, o liberal lembrou as divergências públicas dentro do Governo sobre a descida do IRC, depois das declarações do ministro da Economia e do Mar, António Costa e Silva, ou até o “desrespeito pelo parlamento”, acusando a bancada socialista de chumbar várias audições de ministros.
Na resposta, António Costa pegou na capa do jornal ‘Financial Times’, com o ministro das Finanças inglês na capa e referiu-se às medidas tomadas pelo governo do Reino Unido, liderado por Liz Truss, que anunciou na semana passada um programa massivo de redução de impostos de 45.000 milhões de libras (50.800 milhões de euros), o maior que este executivo empreendeu em 50 anos.
Na opinião de Costa, agora existe “um contra factual relativamente ao pensamento liberal”.
“Efeito imediato [do programa inglês]: primeiro, desvalorização brutal da libra, subida brutal das taxas de juro e ontem o Banco Central de Inglaterra teve que injetar 65 mil milhões de euros para resgatar fundos de pensões privados onde as famílias tinham confiado as suas poupanças”, referiu Costa.
Com a capa do jornal económico nas mãos, o primeiro-ministro dirigiu-se a Cotrim Figueiredo: “Imagine que era a sua fotografia e não a fotografia do ministro das Finanças inglês, esta é a sua cara, a cara da Iniciativa Liberal, este é o desastre económico que é a IL”, disse.
“E por isso, esta é toda a narrativa da IL. Quem quer governar para choques fiscais, e para a privatização do nosso sistema de Segurança Social, tem o que em cinco dias o que o governo da senhora Truss conseguiu e isso nós nunca teremos”, vincou.
Pela IL, Cotrim Figueiredo lamentou que o primeiro-ministro não tenha respondido diretamente às suas perguntas e tenha preferido falar da “governação de outros” em vez dos sete anos da governação socialista no país.