O estudo, com o título “Independência Energética Europeia através do recurso a Renováveis até 2030”, foi coordenado pelo Instituto Potsdam de Investigação sobre o Impacto Climático (PIK, fundado em 1992 pelo Governo alemão), ao qual se juntaram académicos de outras seis instituições.
De acordo com as conclusões, é possível a independência energética com as tecnologias atualmente disponíveis, promovendo-se a expansão em massa, nomeadamente das energias eólica e solar.
Ao aproveitar os recursos energéticos complementares da Europa, liderados pelo sol do sul e pelo vento do norte, juntamente com a consolidação da rede elétrica, o sistema energético poderá acabar com as importações de gás e petróleo, tornando-se independente de países voláteis, como a Rússia, concluem os investigadores.
Para tal, consideram, é preciso um investimento europeu de 140 mil milhões de euros por ano até 2030 e de 100 mil milhões de euros por ano até 2040 em soluções energéticas verdes.
Em termos de comparação, os investigadores referem os 792 mil milhões de euros gastos pela Europa para proteger os consumidores dos efeitos da invasão russa à Ucrânia em 2022, que tem causado instabilidade energética e um aumento dos preços. Ou os 800 mil milhões de dólares de investimento dos Estados Unidos para promover a proteção climática nos próximos 10 anos.
Sublinhando que as tecnologias necessárias já existem, afirmam que a Europa precisa de um enquadramento legislativo adequado, já que as taxas de crescimento das energias renováveis têm sido insuficientes para atingir as metas. Os autores do estudo apelam aos líderes europeus para aderirem a uma “vontade política comum”.
Até 2030, dizem, os decisores políticos europeus devem promover a expansão maciça de eletricidade baseada em recursos renováveis, numa taxa de crescimento anual de 20%. Os custos podiam ser cobertos em um terço através do desvio de subsídios de outros setores.
Segundo os dados da investigação, no ano passado, 38% do setor da eletricidade na Europa baseava-se em fontes de energia renováveis, e as energias solar e eólica atingiam recordes em 2021 e ultrapassavam a produção de eletricidade por gás.
Apesar do bom caminho, o estudo destaca que é preciso fazer mais, como melhorar as capacidades de armazenamento de energia ou usar outros recursos renováveis, por exemplo o aquecimento de edifícios a partir de energia geotérmica superficial ou sistemas solares térmicos.
Destacando a importância da aposta na energia eólica e solar, os investigadores salientam que, se os módulos solares fossem instalados nos telhados existentes na Europa, poderia ser produzida eletricidade equivalente à procura da União Europeia em 2030.
Os autores do trabalho recomendam que se aproveite mais o potencial dos recursos geotérmicos, com capacidade para fornecer calor a um quarto dos cidadãos europeus, que se alargue a energia limpa a mais investidores e se simplifiquem procedimentos de licenciamento (se necessário com diretivas europeias), e que se usem as atuais centrais nucleares, mas não se construam outras.
O estudo foi encomendado pelo Aquila Group, que desenvolve e opera centrais de energia solar, eólica e hidroelétrica e instalações de armazenamento de energia.
A empresa, lê-se no comunicado, receia que a oportunidade de criar um sistema europeu integrado de energia limpa baseado totalmente em recursos renováveis possa ser desperdiçada, caso não sejam tomadas medidas urgentes.
A empresa está envolvida no financiamento, desenvolvimento e construção de projetos de energia limpa e de infraestruturas sustentáveis. Gere, atualmente, ativos nessas áreas no alor de cerca de 15 mil milhões de euros.