Na nota, que vem na sequência das declarações, esta terça-feira, do primeiro-ministro no parlamento, em que admitiu uma privatização total, o Sitava disse que foi surpreendido pelo que disse António Costa.
“Por efeito do plano de reestruturação, a TAP é hoje uma empresa pública e, apesar de todos os preconceitos que certas correntes ideológicas têm em relação às empresas públicas, está cabalmente demonstrado que não é essa circunstância que a impede de crescer e de apresentar resultados positivos tanto no exercício de 2022 como no primeiro semestre do corrente ano”, defendeu o Sitava.
Assim, “por mais esforço que façamos para entender a posição do Governo, não conseguimos vislumbrar qualquer razão, ou sequer qualquer racional económico para esta decisão”, destacou, acrescentando que “o plano de reestruturação não impõe tal coisa”.
Segundo o Sitava, “os trabalhadores da TAP vivem hoje ainda o rescaldo dos tempos mais negros das suas vidas”, lembrando o “que foi o efeito da pandemia na empresa e o que daí resultou em destruição de postos de trabalho e em degradação dos rendimentos dos trabalhadores com os violentos e injustos cortes salariais”.
“Também muito dificilmente esqueceremos os insultos e os maus-tratos que certas correntes do nosso espetro político-partidário infligiram à empresa e aos seus trabalhadores, a propósito da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)” destacou.
Ainda assim, destacou, “foram os trabalhadores os principais obreiros da recuperação da TAP que permite agora aos governantes anunciar que o produto a vender é de qualidade”, questionando as razões para avançar com a venda da companhia.
“Não se trata neste momento de ser contra ou a favor de mais um processo de privatização, o que é imperioso saber é, quais são as vantagens de uma ou de outra opção”, defendeu.
“O que até hoje comprovadamente sabemos – e até com números – é que os três processos anteriores aportaram à TAP danos que se traduziram em gigantescos prejuízos para todos”, assegurou o Sitava, perguntando: “mas afinal qual é a pressa?”.
O primeiro-ministro colocou esta terça-feira a hipótese, entre diferentes cenários, de privatizar a totalidade do capital da TAP, apesar de indicar que o montante ainda não foi definido e irá depender do parceiro escolhido.
Em resposta ao líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, no debate da moção de censura do Chega ao Governo, Costa referiu que o montante da TAP que será privatizado "variará necessariamente" consoante o parceiro privado que for escolhido.
"Ao contrário do que diz, nós não vamos vender a um qualquer privado. Só iremos privatizar e vender parte, ou a totalidade do capital, tendo em conta a defesa dos interesses da companhia, de Portugal e dos portugueses", disse.
Lusa