“A nossa avaliação mais recente mostra uma clara deterioração da saúde materna em toda a Ucrânia, com um número crescente de mulheres em risco de morte e um número crescente de gestações a resultar em complicações potencialmente fatais”, afirmou Florence Bauer, chefe da agência da ONU para a Europa Oriental, num comunicado.
“Estas não são estatísticas abstratas, são pessoas e famílias que vivem sob ‘stress’ insuportável e são um reflexo de um sistema de saúde sob ataque”, acrescentou, citando como exemplo uma recente ofensiva que danificou uma maternidade administrada pelo Unfpa em Kherson, no sul do país.
Segundo resultados recentes de uma análise de dados nacionais de saúde, a mortalidade materna aumentou aproximadamente 37% entre 2023 e 2024, destacou o comunicado, salientando o aumento dos ataques a maternidades e a interrupção do atendimento pré-natal.
No mesmo período, e apesar da diminuição do número de nascimentos, a mortalidade materna aumentou de 18,9 para 25,9 mortes por 100.000 nascimentos, especificou a agência da ONU.
Essa situação explica-se pela maior proporção de grávidas afetadas por complicações graves, incluindo um aumento de 44% nas ruturas uterinas e um aumento de 12% na hipertensão durante a gravidez.
A taxa de cesarianas, um “indicador” de uma crise de saúde materna, também é alta, com algumas regiões da linha da frente da guerra a apresentarem “algumas das taxas mais altas da Europa” (46% em Kherson, 32% em Odessa).
O Unfpa, que fornece equipamentos e medicamentos para bebés prematuros na Ucrânia, lançou um apelo para doações de 52 milhões de dólares (44,6 milhões de euros) para continuar a dar assistência à saúde de mães e bebés no país em 2026.
A Ucrânia tem contado com apoio internacional em várias frentes desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Lusa