“A prioridade agora é ganhar a guerra”, reforçou Macron numa entrevista ao canal televisivo francês BFMTV quando regressava da viagem a Kiev, na quinta-feira, onde esteve com o chanceler alemão, Olaf Scholz, o primeiro-ministro de Itália, Mario Draghi, e o Presidente da Roménia, Klaus Iohannis.
Macron defendeu que “o papel da França, além de ajudar a Ucrânia, é manter os vínculos com a Rússia” e admitiu que iria falar com o Presidente russo, Vladimir Putin, “sempre que fosse útil”, mantendo, porém, a transparência para com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
“Nunca negociámos em nome da Ucrânia”, afirmou Macron em resposta à alegada tensão entre a França e Zelensky, depois das últimas conversações com Putin e de ter declarado que a Rússia não devia ser humilhada.
O Presidente francês justificou-se afirmando que é importante manter o diálogo com a Rússia, sobretudo quando não há negociações diretas com entre os países envolvidos no conflito, que teve início a 24 de fevereiro.
Acrescentou ainda que, ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, o objetivo desta guerra não é o de “esmagar a Rússia” e apesar de ser “preciso fazer tudo o que for possível para assegurar que a Ucrânia ganhe”, admite que chegará eventualmente o momento em que “os líderes russos e ucranianos terão de se sentar à volta de uma mesa”.
A França detém a presidência semestral da União Europeia e Macron mostrou-se confiante que a cimeira, a realizar-se na próxima semana, decidirá a concessão do estatuto de candidato à Ucrânia.
O próprio fez questão de falar sobre o assunto perante Zelensky, Scholz, Draghi e Iohannis enquanto estava em Kiev.
O Presidente francês comentou ainda que antes da guerra “a Ucrânia não conseguiria ser normalmente candidato”, mas havendo um conflito armado a União Europeia pretende abrir uma exceção e comprometer-se a avançar com este “gesto forte”.
Segundo Macron que o caminho para a adesão para a UE é longo, mas “é um caminho de esperança” e “há condições para as negociações”, tendo em conta que a Ucrânia sabe que “faz parte da família".
"Devemos ter uma União europeia mais integrada e mais simples" considerou o líder francês, apontando para uma revisão das relações com os estados-membros e países vizinhos.