“Mantemos uma rede de ensino paralelo, que é dirigida a alunos portugueses, lecionada em horário extracurricular ou nas associações, mas claro que estamos a fazer um esforço para integrar o português nos currículos escolares [dos países onde residem os portugueses], porque isso valoriza a língua e, ao valorizar a língua, valoriza as comunidades”, disse.
Berta Nunes falava à agência Lusa em resposta a acusações do presidente do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Europa, Pedro Rupio, que na quarta-feira lamentou o contínuo “desinvestimento” na rede oficial do Ensino de Português no Estrangeiro (EPE), na qual o número de alunos foi o mais baixo deste século.
“Com 39.540 alunos a frequentar a rede oficial do EPE, o ano letivo 2019/20 é o pior deste século em termos de números de alunos”, revelou Pedro Rupio, que obteve estes dados do presidente do instituto Camões, uma vez que os mesmos não constam do Relatório da Emigração, divulgado na terça-feira.
Berta Nunes refuta e garante que nos últimos seis anos, de governação socialista, “houve um crescimento do investimento 2,5 milhões de euros, um reforço do crescimento dos docentes” e deu o exemplo de França, onde, em 2014/15, existiam 84 professores e 2020/21 esse número subiu para 97.
Berta Nunes recordou que existem duas redes com o apoio do Estado português: A rede EPE, principalmente nos países da Europa, África do Sul, Namíbia e Zimbabué, e a rede apoiada, mais significativa na Venezuela, Estados Unidos, Canadá e Austrália.
O número de professores apoiados pelo Estado português nestas duas redes em 2014/2015 era de 904, passando para 960 em 2018/19, último ano antes dos impactos da pandemia de covid-19, que se revelaram atípicos.
Em relação ao número de alunos, Berta Nunes disse que em 2014/15 eram 39.000, número que se manteve em 2018/19.
“Mantivemos os alunos, mas aumentámos o número de professores e investimos nas certificações das aprendizagens, que também é uma parte muito importante, e na capacitação pedagógica dos professores e temos previstos 18 milhões de euros, no Plano de Recuperação e Resiliência, só para a transição digital da rede de ensino de português no estrangeiro”, afirmou.
E adiantou: “Não podemos aceitar, de maneira nenhuma, que houve um desinvestimento na rede. Pelo contrário, houve um aumento do investimento e um reforço para a transição digital”.
“Não podemos pensar num português como uma língua minoritária, da emigração, de uma minoria num país, mesmo num país onde a nossa comunidade é minoritária, mas temos de pensar no português como uma língua global, multicêntrica, a quarta ou quinta língua mais falada no mundo, a língua mais falada no hemisfério sul e que, segundo alguns analistas, vai ter ainda mais falantes nas próximas décadas”, afirmou.