“Esta medida já teve consequências e, mesmo admitindo ser entendida como preventiva, a forma como foi comunicada foi desastrosa”, disse à agência Lusa o vice-presidente da direção da Associação do Comércio e Indústria da Madeira (ACIF), António Maria Jardim Fernandes.
O responsável dessa associação que representa vários setores económicos da região, entre os quais o turismo, a hotelaria e similares, sublinhou que, “no fundo comunicou-se uma medida que tem um âmbito muito grande e é muito restritiva, sem comunicar de imediato as exceções que haveriam e poderiam mitigar o efeito” prejudicial que teve no setor.
Pronunciando-se sobre a resolução do executivo madeirense que prorroga o estado de calamidade na região e determina o uso obrigatório de máscaras em espaços públicos a partir das 00:00 de sábado, publicada quinta-feira, Jardim Fernandes opinou que esta medida é “um pouco desproporcional e também surge num ‘timing’ que não é oportuno”.
Sobre as consequências da má comunicação desta medida no exterior para o setor do turismo do arquipélago, o responsável informou que a ACIF lançou quinta-feira um questionário junto dos seus associados, “que ainda não está concluído e cujos totais, ao fim do primeiro dia, não são uma amostra conclusiva das empresas”.
“Do que já nos chegou, estamos a falar de prejuízos de mais de 100 mil euros de reservas canceladas”, sublinhou.
Jardim Fernandes mencionou que as medidas adotadas na Madeira asseguram o “rigor de controlo de entrada” dos visitantes nos aeroportos da região e a “grande capacidade de monitorização depois das pessoas no território, em termos de identificação dos casos e isolamento”, indicam “à partida que a situação da pandemia está perfeitamente controlada na Madeira, neste momento”.
Por isso, frisou, “não haveria a necessidade de avançar com um medida tão restritiva como esta”.
“Mas, agora, o mal já está feito” e “o problema é que a mensagem passou de uma forma errada para fora, provocou cancelamentos e alguns operadores manifestaram o seu desagrado”, afirmou.
O responsável apontou que esta situação “era perfeitamente desnecessária numa altura em que a região está num tempo em que a retoma foi muito mais fraca em julho do que era esperado”, afirmou.
Complementou que tudo “estava a correr bem para, em agosto, ser dado mais um passo em frente” no setor do turismo, posicionando-se a Madeira como “um destino seguro, resiliente”, mas com esta situação "acabou por dar um sinal um pouco contrário dessa perspetiva”, uma situação que preocupa a ACIF e “cria sérias reservas dos associados”.
Jardim Fernandes indicou que depois de serem conhecidos os contornos da resolução, a qual determina várias exceções ao uso obrigatório e generalizado de máscaras nos espaços públicos, como nas atividades turísticas de natureza, os passeios nos percursos pedestres, desde que haja distanciamento social, “o turismo vai acabar por acomodar”.
Contudo, “o problema é que a mensagem que passou para todo o lado foi simplesmente: ‘Madeira obriga a máscara no exterior’ e quem recebe esta informação pensa que a situação da pandemia “deve ter piorado muito na região para tomarem uma medida destas”.