O secretário Regional dos Assuntos Parlamentares da Madeira afirmou hoje que só no final de 2016 o Jornal da Madeira vai estar reestruturado para motivar o interesse de privados, adiantou ser impossível manter os 55 postos de trabalho.
"Até final do próximo ano teremos o grosso do trabalho de reestruturação e saneamento [do Jornal da Madeira] feito", disse Sérgio Marques aos deputados da 1.ª Comissão Especializada Permanente de Política Geral e Juventude da Assembleia Legislativa da Madeira, numa audição requerida pelo BE e do CDS/PP.
O governante considerou que este processo de reestruturação do matutino insular, cujo capital social é detido em 99,98% pelo Governo Regional da Madeira, sendo o restante da Diocese do Funchal, e custa cerca de três milhões de euros anuais ao Orçamento Regional, é "um trabalho gigantesco para apresentar um produto que desperte o interesse de investidores privados".
O responsável referiu que, no âmbito deste processo, será necessário "reduzir o número de trabalhadores" e "não é possível manter os 55 postos de trabalho", pelo que será desencadeado um novo processo de rescisões amigáveis e reavaliados todos os componentes da remuneração, apontando que o ideal seria 20 dos funcionários aderirem a esta medida.
Sérgio Marques salientou, também, que "a região vai ter que assumir passivo do Jornal da Madeira (na ordem dos 52 milhões de euros) para poder ter uma publicação limpa que possa motivar eventuais interessados".
"Esse passivo já conta para o défice e as contas públicas da região", sublinhou o secretário regional, informando que, neste momento, não existe qualquer interessado na compra da empresa.
O responsável também defendeu ser necessário fazer "uma repartição equitativa da publicidade institucional", mencionando que "até não representa um valor significativo, pois foi de 27 mil euros no ano passado" no caso do JM.
O governante apontou que ainda não existe qualquer decisão sobre o futuro da Radio Jornal da Madeira, mencionando que "a possibilidade de venda do alvará em separado está em aberto" e que está por definir o preço de capa que será fixado a partir de 01 de setembro deste ano, acabando com o valor fictício de 10 cêntimos.
Sérgio Marques anunciou que a nova administração do JM tem uma "boa notícia", pois existem perspetivas de que é possível "reduzir para mais de metade o esforço do Orçamento Regional" com esta publicação diária no próximo ano, passando de 2,6 para 1,1 milhões de euros.
O governante regional argumentou que a solução mais fácil seria encerrar de vez a empresa, mas a aposta do novo Governo é "manter o JM, salvaguardar ao máximo os postos de trabalho, garantir a pluralidade e ir gradualmente desonerando os contribuintes", admitindo que, "se não existirem interessados, será necessário insistir até que apareçam".
A situação deste matutino insular tem gerado polémica porque, conforme declarou o deputado do PS Victor Freitas, foi "um instrumento de propaganda do Governo Regional do PSD" durante anos.