Na pergunta endereçada ao ministro da Administração Interna (MAI), e à qual a agência Lusa teve hoje acesso, os deputados do Chega defendem que na detenção de um cidadão, no sábado, no Bairro Alto, em Lisboa, foi “notória a ação dos agentes dentro dos limites da força necessária”.
Assim, questionam “qual a razão para que o MAI tenha insistido na abertura de um inquérito”, alegando que passa “uma mensagem pública de reprovação e censura aos referidos agentes e que desautoriza ainda mais as forças policiais”.
“Atendendo a que o cidadão se recusou a identificar-se, resistiu à detenção e representava perigo público na medida em que se encontrava armado e a ameaçar outros cidadãos e inclusivamente os próprios polícias, qual era a atuação por parte destes que o senhor ministro esperava?”, pergunta também o partido de extrema-direita, defendendo que José Luís Carneiro deveria “defender a instituição que tutela”.
Na iniciativa, o Chega considera também que o vídeo que circula nas redes sociais tem “o objetivo claro de denegrir a imagem da PSP”.
Na mesma pergunta dirigida ao ministro José Luís Carneiro, através do parlamento, o Chega quer saber qual “o procedimento que deve ser adotado no caso de perigo iminente para a segurança pública” e “quais as consequências para um agente da polícia que assistindo a uma situação de perigo para os cidadãos opte por não intervir”.
O Grupo Parlamentar do Chega pede ainda números de quantos polícias “ficaram gravemente feridos em serviço e quantos acabaram por falecer” nos últimos cinco anos.
O Chega apresentou ainda na Assembleia da República um voto de louvor aos “inúmeros e impagáveis serviços prestados pelas forças de segurança policial, em especial os agentes envolvidos na detenção de um homem no dia 13 de agosto, no Bairro Alto, pela coragem e pelo sentido de serviço público que demonstraram”.
Na iniciativa, à qual a Lusa teve acesso, o Chega considera que, “apesar do perigo evidente, os agentes em causa, honrando a sua farda, agiram no sentido de proteger os cidadãos e procederam à detenção do homem em questão, usando para tanto a força, que evidente não foi possível evitar”.
Mas apontam que os dois polícias “agiram dentro dos limites da prudência e dos critérios legais da necessidade e proporcionalidade”, mostrando “como devem atuar as forças policiais nestas circunstâncias”.
Na segunda-feira, a PSP anunciou a abertura de um processo de inquérito a uma ocorrência envolvendo dois polícias que “recorreram ao uso da força” na detenção de um cidadão, no sábado, em Lisboa, e no mesmo dia, o ministro da Administração Interna determinou à Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) a abertura de um processo de inquérito “para apuramento dos factos” relacionados com esta ocorrência.
Em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa referiu que uma patrulha foi informada sobre o "comportamento agressivo" de um homem para com pessoas que circulavam no Bairro Alto.
Segundo a nota, o suspeito teve "uma atitude agressiva para os polícias" e recusou identificar-se. O homem foi, entretanto, informado de que iria ser conduzido à esquadra, altura em que, de acordo com a PSP, terá ficado “mais agressivo”, negando acompanhar os polícias.
O cidadão terá tentado escapar e impedir a ação policial “utilizando ferros com intenção de os agredir”.
“Os polícias recorreram ao uso da força, incluindo através de bastão policial e, já manietado, conduziram o suspeito à esquadra, onde foi identificado, tendo saído daquela subunidade pelas 22h00”, pode ler-se na nota.