Jerónimo de Sousa intervinha no debate sobre o estado da nação, que decorre hoje na Assembleia da República, chamando à atenção do Governo para problemas como o “aumento do custo de vida”, ou a “acelerada degradação da vida dos trabalhadores”, acusando o executivo de tomar opções que convergem com “os interesses dos grupos económicos”.
“Diz a bancada do PS, o senhor deputado Brilhante Dias [líder parlamentar socialista]: reduzimos o desemprego. Admitamos, só que não completou a frase, devia ter acabado dizendo: reduzimos o desemprego, aumentámos a precariedade, que é hoje uma chaga social”, atirou.
O líder comunista insistiu na importância do investimento nos serviços públicos, em “medidas de fixação e controlo dos preços”, no aumento dos salários e das pensões, no desenvolvimento da indústria nacional, passando pelo apoio à agricultura familiar, “decisiva para a defesa do mundo rural, do ordenamento do território e da defesa da floresta”.
Na resposta, o primeiro-ministro, António Costa, atirou: “Senhor deputado, desculpe, mas não resisto a um aparte: há muitos problemas estruturais, mas um dos problemas mais determinantes para a situação do país hoje é mesmo o resultado da inflação, que resulta da guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia”.
“Não podemos ignorar os problemas estruturais, mas não podemos ignorar esta causa concreta desta agressão de violação do direito internacional que a Rússia perpetuou contra um estado independente e soberano como é a Ucrânia”, vincou.
Momentos antes da resposta do primeiro-ministro, um homem que assistia ao debate nas galerias tentou pedir a palavra a António Costa, que continuou a sua intervenção, tendo sido retirado pelos agentes da GNR.