No ano passado, o Engenho da Calheta produziu mais de mil toneladas em relação ao ano anterior, ultrapassando as 3 mil toneladas de cana-de-açúcar. O problema é que ainda não conseguiu escoar nada.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, assegurou ontem que o executivo vai continuar a apoiar os produtores de cana-de-açúcar, produção que, em 2016, aumentou 2 mil toneladas, comparativamente ao ano anterior, passando para 10.812 toneladas.
Miguel Albuquerque deu esta garantia no convívio anual de produtores de cana-de-açúcar promovido pela Sociedade de Engenhos da Calheta, que serve de pretexto para partir o bolo de mel de 50 quilogramas amassado no ano anterior, visando mostrar que, quando confecionado com mel de cana da Madeira, pode durar mais de um ano.
O bolo de mel da Madeira – um dos subprodutos derivados do mel extraído da cana-de-açúcar – remonta ao século XVI e leva, na sua composição, farinha, leite, açúcar, banha, manteiga, mel de cana-de-açúcar, especiarias (cravo, canela da Índia, gengibre, pimenta, noz moscada), amêndoas, nozes e cidra e constitui umas das iguarias mais apreciadas da doçaria madeirense, em particular no Natal.
A produção de cana-de-açúcar na Madeira remonta ao século XV, tendo em 2016 atingido 10.812 toneladas. Em 2000, a produção cifrava-se em 2.871 toneladas.
Num universo de 11.000 agricultores recenseados, 900 dedicam-se a esta produção, sendo um complemento às suas economias.
A cana-de-açúcar tem cruzado séculos de história da ilha, de cujo processamento os insulares extraíram, num primeiro momento, o açúcar, que ficou conhecido como "ouro branco", e, depois, com a decadência da indústria açucareira nos finais do século XVI, a aguardente e o mel.
O Infante D. Henrique, impulsionador da expansão portuguesa, foi o primeiro explorador desta produção, que moldou a paisagem agrícola e costeira madeirense, pontuando-a de complexos industriais.
A costa sul da Madeira é a área mais importante de canaviais, que se estendem desde a Calheta até Câmara de Lobos, passando pela Ponta do Sol e Ribeira Brava.
Em 1900, segundo o Elucidário Madeirense, existiam na Madeira 49 fábricas de moer a cana-de-açúcar, 16 das quais trabalhavam a vapor e 33 pela força motriz da água.
Lusa