O estudo Avaliação dos Benefícios Socioeconómicos do Setor dos Centros de Dados em Portugal, divulgado hoje, indica que, entre 2022 e 2024, os centros de dados já contribuíram com 311 milhões de euros para o Produto Interno Bruto (PIB) português, apoiando cerca de 1.700 empregos por ano.
A análise revelou também que Portugal está bem posicionado para se tornar um ‘hub’ em infraestruturas digitais e de Inteligência Artificial (IA) na Europa, devido ao custo da eletricidade competitivo e infraestrutura de conectividade robusta.
Tendo em conta este cenário, o estudo, que se baseia num modelo macroeconómico com dados do Eurostat, OCDE e operadores nacionais e incluiu entrevistas com mais de 15 ‘stakeholders’ (partes interessadas) do ecossistema digital, estima que o setor dos centros de dados podem gerar até 26 mil milhões de euros para a economia portuguesa até 2030.
Deste montante, cerca de 9,2 mil milhões são de efeitos diretos e 8,6 mil milhões indiretos, enquanto 8,4 mil milhões são “induzidos” através do desenvolvimento do setor.
Além disso, projeta-se que poderão ser apoiados até 50 mil postos de trabalho a tempo inteiro por ano, número que inclui empregos diretos, indiretos e induzidos, “se existirem condições favoráveis de investimento e regulação”.
Entre as áreas de atuação identificadas para fomentar os investimentos, inclui-se a garantia de previsibilidade e acesso à rede elétrica, a agilização de processos de licenciamento para infraestruturas tecnológicas e energéticas e o desenvolvimento de medidas direcionadas para investimento em centros de dados.
Este estudo, feito em parceria com a Start Campus, que está a desenvolver um campus de centros de dados em Sines, destaca também que a IA irá impulsionar o desenvolvimento do setor, estimando que até 2030 cerca de 70% da capacidade computacional será dedicada a aplicações de IA.
Robert Dunn, presidente executivo (CEO) da Start Campus, citado em comunicado, defende que “Portugal reúne todas as condições para se afirmar como ‘hub’ digital e de IA de referência, na Europa: conectividade estratégica, energia limpa e profissionais altamente qualificados”.
Já Bruno Basalisco, diretor da Copenhagen Economics, alerta que “Portugal está a emergir como um destino europeu relevante para investimentos em centros de dados, mas o seu potencial não está garantido, dada a intensa concorrência internacional para acolher infraestruturas digitais”.