Decorreu no fim-de-semana de 28 e 29 de outubro, o V Congresso Internacional o Desporto e o Mar, no Colégio dos Jesuítas, na Universidade da Madeira, na presença de uma interessada plateia repleta de alunos, docentes e entendidos e entusiastas de matérias náuticas e desportivas.
O congresso começou pela manhã de dia 28 com uma intervenção da Presidente do Clube Naval do Funchal, Mafalda Freitas, que fez questão de que todos os presentes tivessem noção do que o que o nosso Clube é e aquilo que e ele pretende ser, «O Clube Naval do Funchal nasceu em 1952 da vontade e necessidade dos madeirenses se organizarem na prática e desenvolvimento das atividades náuticas. Tem neste momento cerca de 6.000 sócios e cerca de 600 atletas federados, não se restringindo a modalidades relacionadas com o meio aquático. Para além da vela e da vela adaptada, da canoagem e canoagem adaptada, mergulho, natação, surf e stand up paddle, o Clube forma também atletas em modalidades como o judo e karaté, por exemplo.» A presidente navalista sublinhou também o que é que faz com que a Madeira seja um verdadeiro Mar de Oportunidades, nomeadamente, as excelentes condições naturais para a prática de atividades náuticas, como a temperatura, e a ampla e variada oferta de entretenimento e serviços complementares nas zonas envolventes dos locais para a prática de desportos náuticos.
Seguiu-se a eurodeputada, Cláudia Monteiro de Aguiar, membro da comissão de Transportes e Turismo, e Pescas e Assuntos Marítimos, que falou da estratégia para o Turismo Costeiro e Marítimo, «Temos que estimular a competitividade, gerar mais conhecimento e harmonizar o sector; promover as competências e a inovação; e finalmente, garantir que existe uma maior integração das políticas da União que tem repercussões no turismo costeiro e marítimo.»
A concluir a sessão de abertura, José do Carmo, Magnífico Reitor da UMa, disse, «Esta é a quinta edição deste congresso que tenta identificar as melhores formas de potenciar o nosso maior recurso que é o mar quer seja para atividades de investigação, lazer e turísticas. Podemos dizer que este congresso já é um marco quer seja na investigação, divulgação e inovação no que se refere ao desporto e o mar e penso que constitui um espaço indispensável para troca de experiências.»
O painel relativo a Empreendedorismo Náutico-Turístico, moderado por Leonel de Freitas, abriu com uma apresentação denominada “Lazer e Desportos Náuticos Fontes de Desenvolvimento da Economia do Mar” de Miguel Marques (PwC – Barómetro do Mar), que explicou, «Há que haver um maior contacto com o mar em idade jovem, com impacto transversal na cultura marítima e na educação ambiental; aumento das receitas turísticas, a tónica deve ser dada ao valor e à redução da sazonalidade; e tem de existir uma capacidade de absorver emprego, algo vital para as comunidades costeiras.» Joel Pereira, Diretor Comercial da empresa VMT, deu uma apresentação sobre os “Desafios e objetivos da VMT Madeira – Viagens de Catamarã”, e Pedro Mendes Gomes, Diretor Executivo da empresa Rota dos Cetáceos, falou das oportunidades que residem no turismo e no mar da Madeira, ambas complementadas com um vídeo ilustrativo do que ambas as empresas oferecem. João Luis Sousa, Diretor-adjunto do Semanário Vida Económica, discursou sobre o espaço para projetos e empresas de sucesso na economia do mar, «O sucesso das empresas e dos seus projetos depende muito da força mental, da capacidade de acreditar, de ultrapassar obstáculos e de continuar a trabalhar mesmo quando tudo parece perdido.»
No último painel, cujo tema foi Atividades Náuticas e Formação e foi moderado pelo professor João Santos, Sara Martí da Universidade de Las Palmas de Gran Canária, falou-nos de AUPiragüismo, «Foi algo que começou com o único objetivo de promover a prática de canoagem entre universidade, escola e os moradores através de cursos introdutórios e passeios de caiaque. A ideia é vender canoagem como um produto/serviço, acessível e com grandes benefícios para o consumidor, dinamizando os sectores de atividades náuticas.» Seguiu-se Ana Catarina Fernando da UMa com uma intervenção sobre a perceção das capacidades desenvolvidas e dos fatores importantes para a formação nas atividades náuticas, «Utilizar o desporto como um meio de formação do indivíduo e não um fim em si mesmo implica a utilização de metodologias que nos permitam avaliar os efeitos da atividade, quer os percecionados pelo próprio indivíduo quer os que efetivamente foram induzidos. Para intervir de forma coerente e intencional na conceção e orientação das atividades é fundamental a utilização de um conhecimento holístico que permita compreender a interação das diferentes facetas do fenómeno e tratá-lo como um todo de forma a atingir os objetivos pretendidos.» Dinarte Sousa, do Clube Naval da Calheta, ainda neste painel, falou sobre a cultura de mar, «A este pobre entendimento da Cultura do Mar, puramente contemplativo mas dominante nas sociedades contemporâneas de hiperconsumo, soma-se o peso da tradição historicista europeia, que tende a reduzir a maritimidade e as suas expressões culturais a um mero património, ou seja, a “pedras mortas”.»
Todos os painéis concluíram com um debate entre os intervenientes e membros da plateia, e no final do dia, decorreu um Madeira de Honra no Colégio dos Jesuítas para todos os participantes.
No dia seguinte, o Congresso concluiu com a formação teórico/prática “Paddle Board – Uma Abordagem Prática” dada pelo professor Ricardo Rodrigues na Quinta Calaça que proporcionou a uma dezena de participantes a experiência deste desporto que passou a integrar recentemente o rol de oportunidades desportivas que o CNF oferece.