“Foram registados 24.919 sismos até às 10:30 de hoje”, indicou o responsável aos jornalistas, no ‘briefing’ diário na ilha de São Jorge sobre a crise sismovulcânica que começou há cerca de duas semanas.
Desde as 00:00 de hoje até cerca das 10:00, foram registados “977 eventos, nenhum sentido pela população”, acrescentou Rui Marques, alertando que a frequência diária de sismos continua "muitíssimo acima" do habitual no arquipélago dos Açores.
Questionado sobre se pode ser considerada uma "boa notícia" o facto de haver menos sismos sentidos e de se ter registado uma redução do número de eventos, comparativamente com os primeiros dias, o presidente do CIVISA alertou que existe ainda “uma série temporal muito curta” para tirar conclusões.
Referindo-se à redução da média diária de sismos verificada nos últimos dias, Rui Marques salientou que a média é agora de "800 sismos por dia”, ou seja, “ainda é uma frequência diária muitíssimo acima do que é normal nos Açores”.
A maior parte da sismicidade na ilha de São Jorge situa-se “no sistema fissural vulcânico de Manadas”, entre a vila de Velas e a Fajã do Ouvidor, notou.
Na Ponta dos Rosais foram registados sete eventos, “com menor profundidade”, tendo o mais recente deles sido identificado “às 09:30 de hoje, com uma magnitude de 1,4”, acrescentou.
Por agora, disse, “é difícil perceber” a ligação entre a zona onde se manifestou desde 19 de março a crise sísmica e os “sete eventos da Ponta dos Rosais”.
Eduardo Faria, presidente da Proteção Civil açoriana, adiantou ainda que, “de forma preventiva”, foi determinada a interdição do Farol dos Rosais, em coordenação com a autarquia de Velas.
A passagem está interditada “a partir da Vigia da Baleia” e os agricultores que usam os terrenos para a pastagem de animais “já foram avisados” de que não é aconselhável passar ou permanecer naquela zona, acrescentou.
Ainda segundo o responsável da Proteção Civil, na quinta-feira verificou-se uma “significativa redução da quantidade de sismos”, numa “alteração de padrão” para a qual não “há, para já, nenhuma explicação”.
Eduardo Faria esclareceu também que estão a ser feitos “refrescamentos de ações de formação” aos operacionais no terreno para atuação em situações de catástrofe, ao passo que os ‘drones’ fizeram o “reconhecimento nos portos”, tanto na costa sul, como na costa norte.
A intenção é que estejam, desde já, “identificadas as condições de operação nos portos”.
Por outro lado, está concluído o plano de retirada da população para o caso de haver um episódio de maior magnitude – sismo ou erupção vulcânica.
“Estão definidos todos os caminhos de evacuação”, disse.
Por outro lado, o “campo militar está completamente autónomo, com capacidade total”, depois das viaturas que chegaram esta manhã, nomeadamente uma ambulância militar.
Foi ainda feita uma reunião com as forças de segurança sobre as zonas de triagem e acolhimento de população caso seja necessário fazer uma evacuação, disse.
O sismo mais energético desde o início da crise ocorreu na terça-feira, às 21:56 locais (22:56 em Lisboa), e teve magnitude 3,8 na escala de Richter, segundo o CIVISA.
De acordo com a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).
A ilha está com o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.
Segundo os dados provisórios dos Censos 2021, a ilha de São Jorge tem 8.373 habitantes, dos quais 4.936 no concelho das Velas e 3.437 no concelho da Calheta.