O representante da República para a Madeira manifestou hoje pesar pela morte de Carlos Azeredo, que considerou ser um “militar distintíssimo”, associado ao nascimento do regime autonómico da região.
“Tendo recebido com tristeza a notícia do falecimento do general Carlos de Azeredo, o representante da República para a Madeira vem publicamente expressar o seu pesar pelo desaparecimento físico deste militar distintíssimo, que estará para sempre ligado ao início do processo democrático em Portugal e ao nascimento do regime autonómico nesta região”, lê-se na nota distribuída pelo gabinete de Ireneu Barreto.
A notícia da morte de Carlos Azeredo, aos 90 anos, vítima de doença prolongada, foi avançada na quinta-feira pelo Diário de Notícias da Madeira, que citou fonte da família.
O representante destaca a carreira militar “notável” de Carlos Azeredo, salientando que desempenhou “um papel fundamental na organização e execução do 25 de Abril no norte do país”.
O juiz conselheiro sublinha que foi sobretudo a sua ação enquanto último governador civil do Distrito Autónomo do Funchal, presidente da Junta Governativa da Madeira e governador militar da Madeira – cargos exercidos sucessivamente a partir de fevereiro de 1975 – que “deixou uma memória impressiva e indelével na comunidade” da Madeira.
Apresentando condolências à família, o representante realça “a forma notável como soube, com coragem e determinação, enfrentar os desafios desses tempos tão exigentes e complexos”.
Ireneu Barreto opina que, nessa altura, Carlos Azeredo “defendeu sempre o interesse nacional”, mas “compreendeu como poucos as aspirações autonómicas das populações insulares”, conquistando “a gratidão dos madeirenses e porto-santenses”.
Nascido no concelho de Marco de Canaveses, em outubro de 1930, Carlos Azeredo ingressou na Escola do Exército em 1948 e no decorrer da sua carreira militar cumpriu cinco missões no Ultramar.
Além dos cargos que desempenhou na Madeira, também foi comandante da Região Militar do Norte e chefe da Casa Militar do Presidente da República Mário Soares, tendo sido condecorado com a Medalha Militar de Ouro de Serviços Distintos com Palma e com a Medalha Militar de 1.ª Classe da Cruz de Guerra.
Em 2004, publicou um livro intitulado "Trabalhos e Dias de um Soldado do Império", no qual aborda aspetos relacionados com a invasão do Estado português na Índia, a guerra colonial, o 25 de Abril e o acidente de Camarate que vitimou Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa.