“Nunca antes na história da imprensa venezuelana, ela esteve tão invisível, tão constrangida, tão golpeada como agora”, explica um comunicado divulgado em Caracas em ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
Como causas para a situação o CNP aponta “a censura, a crise, a pandemia (covid-19), a falta de liberdades económicas” e o “estrangulamento que sofrem os meios de comunicação independentes para trabalhar perante a falta crônica de suprimentos para impressão e a renovação de equipamentos”
Também “descarados ataques aos portais eletrónicos” que deixam de estar acessíveis ao público em geral e condenados “apenas a ser vistos com VPN (redes privadas virtuais)”.
“A imprensa venezuelana está praticamente à beira da extinção”, explica.
Segundo o CNP existem registos de que 24 meios de comunicação social foram fechados por intervenção do Estado.
“A isso soma-se as centenas que deixaram de existir e outros tantos estão a ponto de o fazer, o que reduziu o ecossistema informativo do país a praticamente nada em relação a 1999. Como alternativa o público opta pelas redes sociais, que por não estarem nas mãos de jornalistas profissionais, comprometidos com a ética, se prestam à desinformação, ao engano e a converter-se em paredões eletrónicos onde se fuzila a moral de qualquer pessoa”, explica.
Também que pelo menos oito emissoras de rádio foram encerradas e que as estações “que continuam no ar são pressionadas constantemente por organismos ‘oficialistas’ (oficiais) como a Comissão Nacional de Telecomunicações, os instrumentos chamados ‘Lei Resorte’ e ‘Lei contra o ódio’ que regulam constantemente os conteúdos informativos e de opinião, para que as notícias e pensamentos que possam ser incómodos não se transmitam”.
Sobre os portais digitais independentes “existe a ameaça” de bloqueios intermitentes ou permanentes, destacando-se o caso do diário el Nacional que deve pagar uma [indemnização] milionária por uma ação de Diosdado Cabello”, que é tido como o segundo homem mais forte do regime.
“Com relação às ameaças a jornalistas, operadores de câmara, fotógrafos e assessores de imprensa que cobrem as notícias nas ruas, é constante o assédio com registos de ataques, detenções e até roubo de equipamentos, como aconteceu em dias anteriores com uma equipe do canal colombiano NTN24, cujos correspondentes foram detidos e o seu equipamento de trabalho foi ‘confiscado’”, explica.
O CNP refere ainda que os jornalistas Lenin Danieri e Edwin Prieto, que “foram detidos e obrigados a tirar a roupa em Villa del Rosario, estado de Zulia, quando faziam uma cobertura jornalística”.
“Segundo o relatório apresentado pela Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, só em janeiro decorreram três operações de busca e apreensão em sedes de meios de comunicação”, explica.
Segundo o CNO existe ainda “a ameaça da Assembleia Nacional ilegítima, eleita no ano 2020, de levar a cabo um debate de uma lei que regule ainda mais as redes sociais na Venezuela, à discrição do ‘oficialismo’ (regime oficial)”.
Nos “canais de televisão de sinal livre, tanto nacionais como regionais, existe uma forte censura, impulsada desde a cúpula do regime, o que se tem refletido, no último ano, no despido de jornalistas”.
O CNP alerta ainda que “toda esta situação ocorre em meio da pandemia da covid-19, com equipas de imprensa cobrindo informações sem ter acesso a nenhuma vacina contra o vírus”, sublinha.
“Perante esta situação, o Colégio Nacional de Jornalistas faz um apelo à comunidade internacional e aos organismos relacionados com a liberdade de expressão a que se mantenham atentos à grave situação deste direito humano fundamental na Venezuela”, conclui.