A análise é da diretora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, que hoje participa na reunião virtual da 70.ª sessão do Comité Regional para a África, durante a qual será abordada a resposta à covid-19 em África e celebrada a certificação da erradicação do poliovírus selvagem na região.
Para Matshidiso Moeti, a covid-19 – que provocou até agora a morte de 27.984 pessoas e infetou 1.195.297 na região – “provou, mais uma vez, a importância de investir em sistemas de saúde, melhorar o acesso equitativo aos cuidados, melhorar a prontidão para prevenir e controlar surtos e permitir que as comunidades desempenhem o seu papel na realização de uma saúde melhor”.
E recordou que “os países da região têm uma experiência significativa em lidar com numerosas e, por vezes, generalizadas epidemias”, tendo alcançado algumas vitórias como a que vai ser hoje celebrada, com a “certificação da erradicação regional do poliovírus selvagem” em África.
“Espero e estou certa de que isto nos motivará a todos enquanto continuamos na luta contra a covid-19”, acrescentou.
Matshidiso Moeti defendeu que, “agora que os países abrem as suas economias, é necessária uma maior vigilância, com capacidades de saúde pública em cada comunidade e permitindo que os indivíduos tomem as ações corretas para se protegerem a si próprios e aos outros”.
Por seu lado, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, referiu que o continente africano “está a enfrentar uma crise de saúde diferente de qualquer outra” já enfrentada.
“Ontem [segunda-feira], cruzámos um milhão de casos registados na região, com mais de 20.000 mortes. O número de casos duplicou apenas nas últimas seis semanas”, enumerou.
Contudo, sublinhou que a covid-19 “não é a única emergência” a que a OMS está a responder, indicando que mais de 100 pessoas foram infetadas e 43 pessoas morreram num novo surto de Ébola na província de Equador, na República Democrática do Congo.
Alguns desses desafios estão espelhados no relatório que Matshidiso Moeti apresentou sobre as atividades da OMS na região africana entre 01 de julho de 2019 a 30 de junho de 2020, durante o qual “muita coisa aconteceu”, como referiu.
“Com a pandemia de covid-19, os surtos de Ébola, de cólera, de sarampo e de outras doenças, e as cerca de 100 ocorrências graves de saúde que ocorrem todos os anos na região, a preparação e resposta a emergências sanitárias continua a ser uma das principais atividades” da OMS, lê-se no relatório.
Entre as melhorias apontadas, é referida “uma deteção mais rápida de surtos (de uma média regional de 17 dias em 2016 para quatro dias em 2019) e numa contenção mais rápida (de 418 dias em 2016 para 40 dias em 2019)”.
“O trabalho realizado com os países para reforçar as capacidades de acordo com o Regulamento Sanitário Internacional (2005) permitiu que 46 países fizessem uma avaliação externa conjunta e outros 30 elaborassem planos nacionais de ação para a segurança sanitária, com vista a colmatar as lacunas identificadas”, prossegue o documento.
Segundo a OMS, “alcançar a cobertura universal de saúde é uma prioridade máxima da comunidade da saúde a nível mundial, e a pandemia de covid-19 evidenciou, uma vez mais, a importância do acesso, a preços acessíveis, aos cuidados de saúde de qualidade para todos, onde quer que se encontrem”.
O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito em 14 de fevereiro e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 809 mil mortos e infetou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
C/Lusa