O Fórum das famílias dos reféns, uma associação israelita civil, denunciou hoje uma “sabotagem” dos esforços destinados a obter a libertação dos reféns, acusando diretamente o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Após ser recebido no Congresso norte-americano, onde justificou o assalto militar a Gaza e exortou os Estados Unidos a prosseguir a entrega de armamentos, Netanyahu encontra-se hoje em Washington com o Presidente Joe Biden, e de seguida com a vice-presidente Kamala Harris.
No terreno, o Exército judaico prosseguiu os bombardeamentos sobre a cidade de Gaza e em Beit Lahia, no norte, onde nove pessoas foram mortas por fogo israelita, segundo fontes médicas, e em Al-Bureij, centro do enclave, com ferimentos em sete palestinianos, a maioria crianças, segundo responsáveis hospitalares.
As forças israelitas também prosseguiam as suas operações em Khan Younis e Rafah, no sul.
“Aviões de combate israelitas selecionaram por alvo civis sentados perto de suas casas”, com cinco mortos, afirmou em Beit Lahia o diretor local da Defesa civil.
Segundo testemunhas, os soldados dinamitaram habitações em Tal al-Sultan, um bairro do oeste de Rafah, e em Bani Suhaila, a leste de Khan Younis, onde foram assinalados disparos a partir de veículos militares. Os tiros de artilharia atingiram bairros do leste de Khan Younis, onde estão deslocadas forças terrestres.
O Exército anunciou hoje que, nos últimos dias, “eliminou dezenas de terroristas e desmantelou cerca de 50 infraestruturas terroristas” em Khan Younis.
Milhares de palestinianos continuam a fugir dos incessantes bombardeamentos, após novas ordens de retirada do Exército e que abrangem diversos setores do território.
As famílias, sem terem qualquer local para se instalarem, refugiam-se na rua ou, como em Khan Younis, perto de um cemitério.
“Vivemos ao lado dos mortos. Somos como os mortos. A diferença é que respiramos, eles não”, disse Rytal Motlaq, um deslocado que improvisou um abrigo com lonas, citado pela agência noticiosa AFP.
Desde o início da guerra, a larga maioria dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza estão deslocados, muitos deles por várias vezes, procurando desesperadamente um abrigo no território flagelado por Israel.
Ainda hoje, o Exército disse ter recuperado no decurso de uma operação em Khan Younis os corpos de cinco israelitas mortos em 07 de outubro.
Os militares precisaram que os corpos de Maya Goren, Ravid Katz e Oren Goldin, que habitavam em ‘kibbutz’ próximos de Gaza, e ainda dois soldados, Tomer Ahimas e Kiril Brodski, foram levados para Israel.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 39 mil mortos, na maioria civis, e perto de 90 mil feridos, bem como um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
Em maio, a ONU declarou que as mulheres e crianças representam pelo menos 56% das pessoas mortas desde o início do atual conflito, com base em dados do Ministério da Saúde do Hamas.
Lusa