O júri sustentou a escolha desta obra pela “depuração poética, não idêntica a qualquer cânone”.
A escritora Lídia Jorge e o professor de literatura da Universidade do Minho Carlos Mendes de Sousa constituíram o júri desta edição do prémio, que foi presidido por José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE).
“Os imaginários, as temáticas e formas” usados pelo autor foram também destacados pelo júri, que não deixou de assinalar a “suspensão” posta no final de cada texto, abrindo-o à “supresa”.
Para os membros do júri, “Desaparecimento Progressivo” revela “a viagem de uma melancolia não desarmada, a digressão do olhar ontológico pelos lugares do declínio e da dor, onde uma luz persiste ou ressurge como transcurso da esperança”.
Com o valor de 15 mil euros, o prémio foi este ano dedicado a obras de poesia de autores portugueses, publicadas em 2022 e 2023, e será entregue ao vencedor no próximo dia 28, numa sessão no Theatro Circo, em Braga, que encerrará com o espetáculo musical da artista Rita Vian e incluirá uma intervenção de José Viale Moutinho, bem como uma sesssão de autógrafos.
A 29.ª edição do Grande Prémio de Literatura dst contou com duas centenas de inscrições, tendo chegado ao lugar de finalistas, além do vencedor, as obras “Última Vida”, de Fernando Pinto do Amaral, “Canina”, de Andreia C. Faria, “Firmamento”, de Rui Lage, e “Uma Mulher aparentemente Viva”, de Cláudia R. Sampaio.
“Continuamos a escancarar, diante de todos, a poesia por crermos que a vida sem poesia é uma insuportável tragédia”, afirmou José Teixeira, presidente do grupo dst, a propósito desta edição dedicada à poesia.
O Grande Prémio de Literatura dst tem um funcionamento rotativo, premiando num ano uma obra em prosa e, no seguinte, uma obra de poesia.
Nas três mais recentes edições do prémio dedicadas a poesia, os vencedores foram “Movimento”, de João Luís Barreto Guimarães (2022), “Junto à Pedra”, de Fernando Guimarães (2020), e “Oblívio”, de Daniel Jonas (2018).
“O regresso de Júlia Mann a Paraty”, obra assente em três novelas de Teolinda Gersão, venceu o Grande Prémio de Literatura dst, em 2023.
Em 2019, foi lançada uma versão do prémio destinada ao mercado angolano, o Prémio de Literatura dstangola/Camões, em parceria com o Instituto Camões, que visa distinguir trabalhos de poesia e prosa de escritores angolanos.
À semelhança do Grande Prémio de Literatura, tem caráter rotativo e, este ano, destina-se a obras em prosa, estando neste momento as candidaturas em curso, até ao dia 26 de julho.
Nascido no Funchal, em 1945, José Viale Moutinho é jornalista e escritor, contando já com várias obras editadas, algumas delas traduzidas em diversas línguas, como russo, búlgaro, castelhano, alemão, italiano, catalão, asturiano e galego.
O escritor estreou-se literariamente em 1968 com a novela “Natureza Morta Iluminada”.
José Viale Moutinho foi diretor da Associação Portuguesa de Escritores, da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, do Círculo de Cultura Teatral e presidente da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, sendo ainda sócio do Pen Clube Português, da Academia de Letras de Campos de Jordão (Brasil) e membro honorário da Real Academia Galega.
É também autor de meia centena de livros para crianças, de trabalhos nas áreas de investigação de Literatura Popular, da Guerra Civil de Espanha e da deportação espanhola nos campos de concentração nazis, bem como de estudos sobre Camilo e Trindade Coelho.
O escritor foi distinguido com vários prémios, entre os quais o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco/APE, Prémio Edmundo de Bettencourt de Conto e de Poesia, Prémios de Reportagem Kopke, Norberto Lopes/Casa da Imprensa de Lisboa e El Adelanto (Salamanca).
Lusa