O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, destacou ontem que um dos projetos do executivo insular é recuperar os antigos caminhos reais que atravessam a ilha para torná-los num novo polo turístico da região.
“Nós pretendemos, através de um conjunto de obras que vamos lançar já nos próximos anos, reabilitar os antigos caminhos que atravessavam toda a Madeira e que têm um conjunto de elementos muito importantes do ponto de visa do património”, disse o governante madeirense na visita que efetuou ao primeiro destes percursos recuperados, o caminho real entre o sítio da Florença e o Lombo Atouguia, na freguesia do Arco da Calheta.
Miguel Albuquerque salientou que estas intervenções vão servir para a “reabilitação da memória” destas ligações em todas as freguesias e, “simultaneamente, aproveitar para criar um novo polo de atratividade para quem visita” a região.
“Esta é a primeira obra do meu mandato”, salientou, vincando que “são caminhos muito bonitos que atravessam zonas lindíssimas”, cuja reabilitação, vai “servir no futuro como complemento de oferta turística, designadamente às levadas”, os percursos pedonais junto dos pequenos cursos de água.
O chefe do executivo insular considerou que este primeiro projeto “será complementado nos próximos anos com um conjunto de obras que serão lançadas e têm mão de obra intensiva, o que serve os empreiteiros e as empresas locais”.
“São centenas e centenas destes caminhos que atravessam a ilha”, realçou Miguel Albuquerque, apontando que “alguns têm uma reabilitação muito fácil, porque não estão muito danificados”, enquanto “outros precisam de uma intervenção mais profunda”.
Miguel Albuquerque assegurou que este é um trabalho que vai ter continuidade noutras localidades, vincando que “são novos polos de reabilitação patrimonial e atração turística”.
O governante acrescentou que estes caminhos, construídos no tempo da monarquia, ainda têm os desenhos no Arquivo Regional, o que será “aproveitado com uma sinalética própria”.
“Depois estarão também no site do Turismo e das câmaras municipais para as pessoas poderem usufruir”, concluiu.
O Caminho real", ou "estrada real", é a designação atribuída às principais vias terrestres construídas antes da implantação da República. Na Madeira, a maior parte surgiu por iniciativa dos governadores ou dos capitães-generais, funcionando como alternativa e complemento às ligações marítimas.
Os "caminhos reais" começaram a perder importância com a chegada do automóvel e da moderna rede viária, ao longo do século XX, e a maior parte caiu no abandono e na ruína.
Atualmente, dos 28 percursos pedonais recomendados pelas autoridades (25 Madeira e três no Porto Santo), apenas 12 são em veredas e antigas "estradas reais"; mas o interesse na recuperação da velha rede viária mobiliza, agora, o governo e as câmaras municipais.
LUSA