O contrato para a execução da empreitada para a conceção, construção, fornecimento, instalação e entrada em exploração do cabo de fibra ótica submarino de telecomunicações é hoje assinado pela Infraestruturas de Portugal (IP) e pela Alcatel Submarine Networks.
“Hoje em dia, mais de 95% de tudo o que é comunicação e internet é suportado por cabos submarinos. O que estamos a assinar é um contrato em que vamos criar condições para substituir o sistema de comunicações do Continente, Açores e Madeira”, adiantou o presidente da IP, Miguel Cruz, em declarações à Lusa.
O atual sistema, que está em operação desde 1999, tem uma capacidade na ordem dos 300 gigabites por segundo, enquanto o novo terá aproximadamente 150 terabites.
Este novo sistema — Anel CAM -, que tem 154,4 milhões de euros de investimento, vai permitir melhorias ao nível do desempenho das comunicações e, consequentemente, um “preço mais baixo”.
No que se refere ao investimento, a estimativa é ter um máximo de financiamento de 100 milhões de euros, através das verbas do leilão de 5G (quinta geração de redes móveis).
A par disto, foram realizadas duas candidaturas ao CEF-Digital (‘Connecting Europe Facility’).
Na primeira ‘call’, o projeto foi aprovado com um apoio de 40,5 milhões de euros.
Já numa segunda ‘call’ foi candidatado o remanescente do investimento. Os resultados ainda não são conhecidos.
Este projeto, conforme apontou Miguel Cruz, tem cerca de 4.000 quilómetros de extensão de cabo submarino e conclusão estimada para o final de 2026, apesar de ainda não se conhecer a data para o início da obra.
O anel está inserido numa rede de comunicações internacionais, que permite “qualidade de comunicações” e transforma Portugal num “polo agregador”.
De acordo com o presidente da IP, este cabo tem ainda quatro pontos de entrada na Europa — Corunha, Salamanca, Badajoz e Sevilha.
À IP, empresa pública “dona do investimento”, através da IP Telecom, terá igualmente a cargo a manutenção do Anel CAM.
Uma vez instalado, este cabo tem uma vida útil estimada de cerca de 25 anos.
Terminado o prazo, a estrutura continua a funcionar, mas, em termos tecnológicos, poderá já não dar resposta às necessidades dos utilizadores.
“Em qualquer circunstância, os cabos submarinos que vamos colocar têm níveis de previsão e adaptação ao aumento da procura, que se estimam significativos”, ressalvou o presidente da IP.
O Anel CAM vai ter uma componente ‘Science Monitoring and Reliable Telecomunications’ (SMART) para a deteção sísmica e monitorização climática e ambiental, contando com a colaboração do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).