Após várias horas de reunião, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) afirmaram que na contraproposta apresentada para hoje, o Ministério da Saúde não fez qualquer aproximação às reivindicações dos médicos e por isso, não foi possível um acordo.
“Não foi possível chegar a um acordo por falta de vontade política deste Governo, disse, em declarações aos jornalistas, a presidente da Fnam, afirmando que “as propostas que estiveram em cima da mesa hoje são exatamente as mesmas da semana anterior”.
De acordo com Joana Bordalo e Sá, há algumas questões que continuam a separar tutela e sindicatos, desde logo a valorização salarial dos médicos. Por um lado, o Ministério da Saúde propõe agora uma atualização em 8,5%, mas as organizações insistem nos 30%.
“É já um valor mínimo, é uma atualização da nossa grelha salarial para podermos repor o nosso poder de compra. A verdadeira negociação seria sobre como faseávamos isto, mas não estarmos dependentes de métricas que não dependem dos médicos”, disse a líder da Fnam.
Pelo SIM, Jorge Roque da Cunha concordou que um valor inferior ao proposto pelos representantes dos médicos é “absolutamente aceitável”. “E não é por uma questão de birra sindical, é porque temos a certeza que não é competitivo com os privados”, justificou, referindo igualmente que, nesta fase da negociação, o ponto de encontro possível não se encontra no valor, mas nos termos do faseamento da implementação da medida.
Por outro lado, SIM e Fnam parecem discordar quanto aos termos para a reposição das 35 horas semanais que Joana Bordalo e Sá diz ser feita “à custa do fim do descanso compensatório”.
“Se isto continuar a aparecer nas propostas que nos enviam, obviamente é o Governo que não vai querer um acordo”, disse a dirigente da Fnam, assegurando que a federação “não vai assinar um mau acordo para os médicos e para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
“Não é só uma questão salarial, é uma questão do resto das condições de trabalho: a jornada semanal, o tempo de serviço em urgência e férias”, explicou, acrescentando que é aceitação por parte do Governo das propostas quanto a esses temas que permite um acordo.
Quando às 35 horas semanais, Jorge Roque da Cunha disse que “há a consolidação daquilo que poderá ser um eventual acordo”.
Na reunião de hoje, antes de iniciarem as negociações, os sindicatos tiveram a oportunidade de conhecer os diplomas das Unidades de Saúde Familiar e da criação do regime da dedicação plena dos médicos, que mereceram a avaliação negativa da Fnam, que os considerou piores do que imaginavam.