“Acordamos diariamente com notícias alarmantes sobre a emergência climática, com consequências graves para a saúde e a segurança das populações, para o ambiente e a economia, em Portugal e um pouco por todo o mundo, ora provocadas por secas, incêndios e ondas de calor insuportáveis, ora por subidas do nível do mar, chuvas fortes e inundações violentas. Estes fenómenos extremos são essencialmente consequência de más práticas de ordenamento do território e de sobreconsumo”, dizem os subscritores da carta.
Com o título “Por uma Nova Política para a Natureza”, na carta afirma-se que está na hora de Portugal mudar, de tomar mais e melhores ações adaptativas e de mitigação da emergência climática.
E essa mudança, dizem, tem de ser agora, e não quando a agricultura se tornar inviável devido à desertificação, ou o quando subir o nível da água do mar, quando as cheias chegarem a mais centros urbanos, quando o ar se tornar irrespirável, quando aumentarem as enfermidades do foro respiratório.
“Está na hora de criar uma nova política para a natureza que impeça os ecocídios – destruições com grande impacto no meio ambiente, ou sobre-exploração de recursos não renováveis. Agora, antes que seja tarde de mais”, afirmam os autores, que terminam a carta com a frase “senhor ministro, aja”.
Assinada por nomes como os professores Viriato Soromenho-Marques ou Maria Amélia Martins-Loução e por diversas associações, a carta refere que setembro foi o mês mais quente de que há registo, que outubro em Portugal as temperaturas estão muito acima do habitual, e que os esforços para impedir o aumento das temperaturas não são suficientes.
E recordam os alertas para o problema por parte da ONU, de entidades científicas, do Papa Francisco, ou de grupos de jovens, concluindo que é urgente criar uma nova política para a natureza.
E dão numerosos exemplos do que consideram ecocídios, como a destruição de floresta e de reservas de água para construção, o corte sobreiros e outra floresta autóctone, a construção maciça na Comporta, Grândola, ou a contínua expansão da agricultura intensiva no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (estufas), entre vários outros exemplos.
As organizações afirmam que é preciso uma mudança, mas advertem que ela não pode ser a qualquer custo, sendo necessário centrar as políticas na urgente redução dos consumos e não na sua manutenção ou expansão.
“Não é possível continuar a suportar o licenciamento camarário em áreas sensíveis e/ou projetos de ´interesse nacional´ e/ou políticas que apenas agravarão o colapso ambiental em curso e os custos sociais e ambientais que esse colapso acarretará para todos, durante décadas. É criminoso permiti-lo”, alertam.
Lusa