"Durante dezenas de anos não houve ameaça de um ataque nuclear como a que temos agora, porque os propagandistas russos discutem abertamente a possibilidade do uso de armas nucleares contra aqueles que não querem submeter-se às ordens (da Rússia)", disse Zelensky num discurso transmitido em direto e com tradução simultânea perante os parlamentares australianos.
"O país que usa a chantagem nuclear deveria ser alvo de sanções, o que poderia demonstrar que essa chantagem é destrutiva para o próprio chantagista", assinalou Zelensky.
Na transmissão por videoconferência, o chefe de Estado da Ucrânia pediu ajuda à Austrália no sentido de intensificar as sanções contra Moscovo, e pediu igualmente equipamento militar, nomeadamente veículos.
"Vocês têm bons veículos blindados, Bushmasters (de fabrico australiano) que podiam ajudar a Ucrânia de forma substancial, e outro equipamento", pediu o chefe de Estado da Ucrânia.
Anteriormente, o primeiro-ministro do governo de Camberra, Scott Morrison, anunciou que a Austrália vai doar mais 25 milhões de dólares australianos (16,7 milhões de euros) para ajuda militar à Ucrânia.
O montante anunciado hoje junta-se aos 156 milhões de dólares australianos (111 milhões de euros) que Camberra já enviou para Kiev, além do material militar (letal e defensivo).
A Austrália impôs uma série de sanções contra a Rússia e a Bielorrússia, país aliado de Moscovo, em condenação contra a invasão da Ucrânia.
Zelensky, no mesmo discurso, recordou ainda o derrube do avião comercial MH17 pelas forças pró-russas em território ucraniano, em julho de 2014, em que morreram 298 pessoas, na maioria de nacionalidade holandesa e australiana.
"Se tivéssemos castigado a Rússia pelo que fez… não teria havido invasão", disse o chefe de Estado ao Parlamento da Austrália.
Zelensky mantém os contactos que está a estabelecer com os parlamentos dos Estados Unidos, Reino Unido, países da União Europeia, entre outros.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.189 civis, incluindo 108 crianças, e feriu 1.901, entre os quais 142 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa