"Demitirem-se do exercício do direito de voto, penso eu, é um erro. É legítimo, mas é um erro", acentuou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas.
Falando em Celorico de Basto, no distrito de Braga, onde tem raízes familiares e chegou a ser presidente da assembleia municipal durante dois mandatos, o chefe do Estado deixou um apelo aos portugueses para que não deixem de exercer o seu direito de votar: "O apelo que eu faço, renovado, é que as pessoas percebam que vão ser quatro anos com estas dificuldades que virão lá de fora, quase inevitavelmente. Quatro anos em que o voto de hoje vai ter uma importância fundamental".
Marcelo Rebelo de Sousa acentuou que se prevê, para a próxima legislatura, "anos que não vão ser fáceis".
"Quando há uma guerra comercial e uma guerra financeira e até de moedas em curso, que pode agravar-se, entre potências mundiais, quando há a relação difícil e indefinida entre o Reino Unido e a União Europeia, quando há um novo ciclo da vida da União Europeia, com novos líderes, quando há efeitos na aplicação de tarifas ao comércio europeu para os Estados Unidos da América, isso pode levar a uma desaceleração da economia mundial, que chega a todos os países e que chega também a Portugal, como é natural", afirmou.
Questionado sobre a abstenção que pode acontecer nestas eleições, disse desejar que ficasse "claramente abaixo das Europeias" e abaixo das legislativas de 2015.
"Embora nós saibamos que há um aumento no número de eleitores no estrangeiro, mais um milhão e umas centenas de milhares, isso, naturalmente, também pesa no cálculo final da abstenção. Mas, tirando isso, era bom sinal que as pessoas votassem, dizendo eu estou atento, eu quero intervir, eu estou preocupado com os próximos anos de Portugal".
O Presidente da República lembrou, por outro lado, que o país viveu "uma campanha muito longa", que "começou no ano passado, com a pré-campanha".
"Foi, talvez, a pré-campanha mais longa da história democrática portuguesa. Mesmo o período imediatamente anterior à campanha foi muito intenso. Não me lembro de ter visto, agora ao olhar para o boletim de voto, um número tão elevado de hipóteses de escolha", observou, concluindo: "As pessoas podem escolher de facto. Têm muitas hipóteses de escolha e devem tirar-se do seu comodismo, da sua indiferença, da sua apatia e ir votar".
C/ LUSA