“Na Venezuela, autorizou-se a vacina Soberana II para vacinar crianças entre os 2 e 11 anos” disse a governante à televisão estatal venezuelana.
Delcy Rodríguez falava no Instituto Psicopedagógico El Ávila, em Caracas, onde supervisionava o início desta nova etapa de vacinação contra a covid-19.
“Nas próximas horas, daremos também autorização para usar a [candidata a] vacina cubana Abdala e uma vacina chinesa”, disse a governante, sem precisar o nome da vacina proveniente da China.
Segundo a imprensa local, a Venezuela começou recentemente a aplicar a vacina BBIBP-Corv da chinesa Sinopharm a crianças com mais de 12 anos de idade.
Médicos e académicos venezuelanos têm criticado o uso em crianças da Soberana II e da candidata a vacina Abdala, ambas fabricadas em Cuba, enquanto não forem conhecidos estudos científicos ou não forem reconhecidas pelas autoridades internacionais.
Na segunda-feira, a Academia Nacional de Medicina (ANM) da Venezuela criticou a "insistência" do governo de Nicolás Maduro na vacinação de crianças entre os 2 e os 11 anos, quando apenas 32,3% dos cidadãos completaram o esquema de vacinação, segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde, e "ainda existe um grande número de adultos mais velhos, com e sem comorbidades", que ainda não foram vacinados, disse a organização, em comunicado.
Entre as pessoas que ainda não receberam ambas as doses, há também "trabalhadores de saúde da linha da frente" e "outros grupos vulneráveis" que não estão protegidos, acrescentou.
"Portanto, não compreendemos a insistência em vacinar as crianças entre os 2 e os 11 anos, a população com menor risco de adoecer, e muito menos a razão para administrar a Soberana [cubana] e, em breve, os protótipos de Abdala, sobre os quais não existe qualquer tipo de informação", frisaram.
A Sociedade Venezuelana de Infetologia deu luz verde às vacinas chinesas Sinopharm e Sinovac para crianças a partir dos 6 anos de idade, mas rejeitou o uso das vacinas Abdala e Soberana 2 "na população adulta e crianças", por falta de "aval científico".
Segundo o ministro da Saúde venezuelano, Carlos Alvarado, a vacinação de crianças a partir dos 2 anos começou no Distrito Capital, onde vão ser vacinadas 2,7 milhões, de uma meta de 3,5 milhões a nível nacional.
As vacinas cubanas, que os médicos venezuelanos dizem ser candidatas a vacinas, são compostas por três doses. No caso da Soberana II, a terceira aplicação é uma dose da Soberana Plus.
Segundo as autoridades venezuelanas, pelo menos 70% da população já recebeu pelo menos uma dose de uma vacina contra a covid-19, aplicando-se a chinesa Sinopharm a adultos e a russa Sputnik V a pessoas com mais de 60 anos de idade.
Desde março de 2020 que a Venezuela está em confinamento preventivo, por causa da covid-19, aplicando um sistema de sete dias de flexibilização, seguidos de sete dias de confinamento rigoroso.
Em 01 de novembro, o país iniciou uma flexibilização ampliada da quarentena durante 60 dias.
Desde o início da pandemia, a Venezuela contabilizou 4.965 mortes e 413.135 casos da doença, de acordo com dados oficiais.
A covid-19 provocou pelo menos 5.047.055 mortes em todo o mundo, entre mais de 249,76 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.