Se as autoridades não conseguirem controlar a violência, haverá "graves impactos não só no país, mas em toda a região", advertiu Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da UA, numa declaração na terça-feira à noite.
Na mensagem, o responsável descreveu como "terríveis" as "cenas de pilhagem da propriedade pública e privada" e a "destruição de infraestruturas" e lamentou a suspensão de serviços essenciais nas regiões afetadas pela violência.
Nos últimos dias, outras organizações internacionais e humanitárias também manifestaram preocupação com a situação na África do Sul, como a Amnistia Internacional e a Save The Children.
"Embora a ONU reconheça o direito de todos os sul-africanos a uma manifestação pacífica, tal como consagrado na Constituição, isto deve ser exercido de forma responsável", disse também numa declaração divulgada na terça-feira o gabinete de representação das Nações Unidas em Pretória.
A África do Sul vive uma onda de violentos tumultos e pilhagens que começou na sexta-feira passada, inicialmente como protestos contra a prisão do controverso ex-Presidente Jacob Zuma (2009-2018) por desrespeito ao Tribunal Constitucional, ao recusar-se repetidamente a testemunhar por corrupção.
Durante o fim de semana, a situação degenerou numa onda de saques e vandalismo indiscriminado, de uma magnitude que o presidente do país, Cyril Ramaphosa, comparou com a transição que a África do Sul viveu no início dos anos 1990, após o fim do sistema segregacionista do "apartheid".
De acordo com os últimos dados divulgados pela polícia sul-africana, o número de mortos ascende agora a 72, com 45 mortos em Gauteng (centro) e 27 em KwaZulu-Natal (leste), que são as duas províncias mais afetadas pela violência.
A polícia deteve mais de 1.200 pessoas e os tumultos alastraram-se na noite de terça-feira às províncias do Cabo do Norte e Mpumalanga, que faz fronteira com Moçambique, e Essuatíni (antiga Suazilândia), avançou o portal sul-africano News24.