Segundo a mesma fonte, os quatro cadáveres foram encontrados no domingo e “exibiam sinais de tortura”.
“Três deles tinham sido enterrados em propriedades familiares, o outro tinha sido enterrado no terreno junto à fábrica de asfalto, em frente à estação ferroviária” da aldeia, precisou o Ministério Público na rede social Facebook.
“Segundo a versão preliminar do inquérito, as vítimas foram mortas pelos militares russos durante a ocupação da aldeia”, prosseguiu a entidade.
De acordo com a mesma fonte, foram os habitantes que “contactaram as forças da ordem [ucranianas] e relataram que militares russos tinham matado os seus concidadãos”, após a passagem daquela aldeia para controlo ucraniano na semana passada.
A Ucrânia anunciou nos últimos dias ganhos territoriais significativos na região de Kharkiv, fronteiriça com a Rússia no nordeste do país e que estava parcialmente sob ocupação russa desde o início da guerra, há mais de seis meses.
Noutra aldeia da região, Grakove, cujo grau de destruição testemunha a violência dos combates, o Ministério Público tinha igualmente indicado ter descoberto os cadáveres de dois civis com sinais de tortura e ferimentos de balas na nuca.
As tropas russas foram acusadas de muitas atrocidades durante a sua ocupação dos arredores de Kiev, especialmente em Bucha, de onde retiraram no final de março e onde as autoridades ucranianas encontraram, a seguir, centenas de cadáveres de civis com sinais de tortura e de terem sido executados, com as mãos atadas e tiros na cabeça, em valas comuns, espalhados pelas ruas e em pilhas carbonizados nas ruas.
Um cenário que o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, classificou em abril como apenas “a ponta do icebergue” da brutalidade da invasão russa em curso no país.
Estes alegados crimes de guerra estão já a ser investigados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).
Por seu lado, Moscovo negou qualquer crime e garantiu que se trata de encenações.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou hoje no seu 201.º dia, 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.