“Desde Jeva denunciamos a detenção arbitrária das nossas colegas cineastas Katiuska Castillo Vásquez, Marcela Hernández Guerra e Ingrid Briceño Venegas, produtoras audiovisuais, juntamente com o seu colega Noel Cisneros, aluno de mestrado da Escola de Artes da Universidade Central da Venezuela (UCV)”, denunciou a organização, no Instagram.
Na mesma plataforma, a JEVA refere que “os quatro foram detidos, nesta sexta-feira, nas proximidades do Centro Penitenciário de Arágua (Tocorón), enquanto realizavam um trabalho de pré-produção para um projeto de graduação da UCV”.
“De acordo com as informações recebidas, eles foram abordados por funcionários e posteriormente transferidos pelo Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional [SEBIN, serviços de informações]. Desde as 15:45 horas [locais de sexta-feira 19:45 horas em Lisboa], não se sabe do paradeiro”, explicou.
A JEVA exige “a libertação imediata” dos quatro detidos “e o respeito pelos seus direitos humanos, académicos e profissionais”.
“Esses factos refletem a vulnerabilidade dos jovens criadores e estudantes na Venezuela, onde exercer uma atividade artística ou universitária se tornou um risco. Criar não é crime”, conclui.
Em 25 de outubro último, o Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) denunciou que estão a aumentar as detenções arbitrárias de mulheres na Venezuela, como foi o caso de 30 mulheres detidas por motivos políticos desde 01 de outubro, até essa data.
“As detenções e perseguições por motivos políticos na Venezuela não cessaram. Pelo contrário, nos últimos meses intensificaram-se e o regime dirigiu a sua repressão contra famílias inteiras, sendo as principais vítimas mulheres e idosos”, explica o observatório num comunicado.
Segundo o OVP, cerca de 150 mulheres, consideradas presas políticas, estão presas na Venezuela, das quais 30 foram detidas arbitrariamente em outubro, nove delas nos estados de Guárico, Lara, Mérida e Trujillo.
As detenções, alegou o observatório, “foram realizadas em condições totalmente irregulares, violando todas as garantias constitucionais e processuais”, tendo o OVP documentado “casos em que as detidas foram retiradas de suas casas sem mandado judicial”.
O OVP afirma ainda que “os familiares denunciam a falta de informação sobre o paradeiro das mulheres, audiências adiadas para além dos prazos legais e até casos de desaparecimento forçado”, sublinhando que há casos em que até hoje é desconhecido o local onde permanecem detidas.
As detenções, segundo a organização, não são episódios “isolados, fazem parte de uma política sistemática de perseguição contra quem ouse discordar do poder” e “é extremamente alarmante a situação das mulheres idosas ou com hipertensão, doenças respiratórias, estomacais, entre outras, que permanecem detidas sem assistência médica ou avaliações especializadas e em condições sub-humanas de reclusão”.
A Venezuela tem 1.074 pessoas detidas por motivos políticos, entre elas 161 mulheres, segundo dados divulgados em 26 de outubro pela organização não-governamental (ONG) Encontro Justiça e Perdão (EJP).
Na rede social X, a EJP afirmou que não ter informação oficial sobre o paradeiro de 176 pessoas detidas.
Lusa