O anterior balanço das autoridades espanholas dava conta da descoberta de 17 corpos.
Entre as 24 vítimas mortais, que terão morrido de fome e de sede quando tentavam fazer a travessia até às Ilhas Canárias, arquipélago espanhol situado ao largo da costa noroeste africana, encontram-se dois menores de idade, segundo a mesma fonte, que precisou que os corpos foram trazidos para terra na quarta-feira à noite.
Todos os migrantes eram provenientes de países da África Subsaariana.
A embarcação precária de madeira que estava à deriva no Oceano Atlântico foi avistada na segunda-feira por um avião da Força Aérea espanhola a cerca de 304 milhas náuticas da ilha de El Hierro.
Três sobreviventes, dois homens e uma mulher, foram igualmente encontrados na segunda-feira.
Nesse mesmo dia, os três migrantes foram transportados de helicóptero para um hospital na ilha de Tenerife.
Um dos homens encontrava-se em estado grave, com sintomas de uma desidratação grave.
De acordo com os socorristas da Força Aérea espanhola, que falaram a uma televisão local, os sobreviventes relataram ter passado 22 dias em alto mar.
“Trata-se de uma das maiores tragédias desde a última crise migratória” em 2006, quando o arquipélago espanhol testemunhou uma chegada em massa de migrantes, cerca de 30.000 pessoas, afirmaram, na quarta-feira, as autoridades das Canárias.
As Ilhas Canárias estão situadas ao largo da costa noroeste africana, que integra a rota da África Ocidental, conhecida por ser extremamente perigosa, por causa das fortes correntes marítimas.
Nos últimos tempos, esta rota tem atraído cada vez mais migrantes que desejam chegar ao território europeu, a grande maioria a bordo de embarcações muito precárias e sobrelotadas.
Ao longo do ano passado, foram registadas 23.023 chegadas de migrantes irregulares às Canárias, o que representou oito vezes mais do que as 2.687 chegadas verificadas em 2019, de acordo com os dados do Ministério do Interior espanhol.
Esta situação, que obrigou à abertura de novas estruturas de acolhimento de migrantes, gerou o caos no arquipélago espanhol.
Em 2020, 1.851 migrantes morreram quando tentavam fazer a travessia em direção às Canárias, principalmente por causa das fortes correntes verificadas no Atlântico, segundo a organização não-governamental (ONG) Caminando Fronteras.
Cerca de 4.300 migrantes, provenientes de África, chegaram às Canárias desde o início deste ano, segundo indicaram a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) num comunicado conjunto divulgado na quarta-feira.
Na mesma nota, as duas organizações indicaram que, no mesmo período, pelo menos 90 pessoas, incluindo mulheres e crianças, morreram ou foram dadas como desaparecidas nesta rota migratória.