Num ofício enviado ao ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, a que Lusa teve acesso, a ASPP defende que um agente em início de carreira deve passar dos atuais 899 euros para um ordenado base de 1.215 euros, além dos subsídios.
A ASPP justifica as alterações das tabelas remuneratórias dos polícias com os “momentos graves do ponto de vista do equilíbrio, funcionamento e capacidade de resposta” que a PSP atravessa devido a “um efetivo envelhecido, saturado, desmotivado, cansado, com missões alargadas, com constantes cortes de folgas e trabalho suplementar”.
“A missão policial é cada vez mais arriscada, complexa e exigente. A PSP já não tem capacidade de manter os números de candidatos que respondam às necessidades, o direito à pré-aposentação está a ser colocado em causa há sete anos, os profissionais da PSP pretendem, cada vez mais, abandonar a instituição e procurar outros projetos de vida. Dentro das respetivas carreiras há também incongruências e constrangimentos vários a sanar”, salienta o maior sindicato da PSP.
No ofício enviado à tutela, em que ASPP apresenta uma proposta para todas categorias, desde agentes a oficiais, a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia sustenta que a realidade salarial da PSP está “abaixo do necessário, tendo em referência as particularidades desta profissão” e considera ser um problema que “não é resolvido por medidas assistencialistas ou de alteração de requisitos de admissão”.
Para a ASPP, as retificações salariais feitas este ano “não corresponderam a nada do que seria necessário e sobretudo à mais elementar justiça, não foram acolhidas quaisquer propostas dos sindicatos e o resultado dos valores surgiu de uma negociação que em nada alcança a realidade da PSP”.
“A valorização salarial na PSP, a dignificação dos seus profissionais (agentes, chefes e oficiais) e a criação objetiva de condições de trabalho é e será a única resposta que se impõe para que a PSP possa ser atrativa, para quem pretenda abraçar esta profissão, mas também para aqueles que, legitimamente, almejam evoluir na carreira”, refere.
Este sindicato da PSP considera também que o Governo "tem todas as condições para dar um passo nesta matéria e resolver um problema que já existe, que se agrava a cada dia que passa, mas que insistentemente se pretende esconder ou adiar".
A ASPP chama ainda atenção para a falta de atratividade e de candidatos para a PSP, dando como exemplo o último concurso de formação de agentes que começou em dezembro.
Segundo a ASPP, as vagas para este curso era de 1.020, começou com 648 formandos e em fevereiro 570 recrutas estavam a frequentar o curso de agentes.