A imigração em massa de venezuelanos para o Brasil trouxe o sarampo de volta ao país, preocupando as autoridades de saúde de Roraima, estado que faz fronteira com a Venezuela e onde já foram registados dezenas de casos.
"Nós tínhamos erradicado o sarampo no Brasil em 2015, mas, infelizmente, não existe uma barreira sanitária na fronteira. Como a cobertura vacinal dos venezuelanos é muito baixa eles estão entrando no Brasil e trouxeram a doença de volta", disse à Lusa o secretário de Saúde de Roraima, Marcelo Rodrigues Batista.
O secretário de Saúde explicou que o Brasil não exige um comprovativo de vacinação aos estrangeiros que atravessam as fronteiras e isso tem criado novos riscos epidemiológicos.
A diretora epidemiológica da Secretaria de Saúde de Boa Vista, capital do estado de Roraima onde foram notificados a maioria dos casos, explicou que a doença começou a ser verificada em fevereiro.
"O primeiro caso foi notificado no dia 11 de fevereiro de 2018. Uma criança, moradora de rua, imigrante da Venezuela, foi levada ao hospital com sinais e sintomas de sarampo. A partir deste momento as medidas de bloqueio foram iniciadas", explicou Roberta Calandrini.
A responsável pelo controlo epidemiológico salientou que a aposta tem sido na vacinação das pessoas. Nesse sentido, a prefeitura está a imunizar, desde 10 de março, aqueles que ainda não haviam sido vacinados contra o sarampo, numa campanha que pretende atingir 248 mil pessoas.
"Colocamos um posto de vacinação na sede da polícia federal [que regista imigrantes e refugiados], continuamos fazendo ações nas praças e no entorno dos abrigos porque muitos saem de dentro do abrigo doentes para pedir ou fazer visitas e já temos casos [de sarampo] entre brasileiros", acrescentou.
Em meados de março, a Secretaria de Saúde de Roraima confirmou 40 casos de sarampo e existem 113 notificações que ainda estão a ser investigadas.
Os diagnósticos positivos foram notificados na cidade de Boa Vista (29 casos) e Pacaraima (11 casos), localidades que concentram o maior número de imigrantes e refugiados da Venezuela.
Duas crianças venezuelanas que estavam em Boa Vista já morreram por complicações causadas pela infecção.
O estado de Roraima afirma ter vacinado cerca de 35 mil pessoas, incluindo os imigrantes e refugiados, que estão no Brasil.
LUSA