"Na República Dominicana nós encontrámos hoje um Presidente e um Governo – e estavam lá dois terços do Governo, e falou governante por governante, pasta por pasta – que tinham o trabalho feito, sabiam em pormenor o que queriam de Portugal", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, no fim da visita oficial de um dia, realizada na quinta-feira, a primeira de um chefe de Estado português a este país das Caraíbas.
O Presidente da República, que falava num hotel de Santo Domingo, perante emigrantes portugueses e representantes de empresas com presença na República Dominicana, acrescentou: "Tenho muita pena de não vos poder dizer como foi, porque ficavam banzos, ou banzados como se diz no Minho onde estão as minhas raízes, com o grau de pormenor e até a sofisticação de algumas propostas inesperadas que surgiram, quase inverosímeis, de tal o interesse da República Dominicana em fazer parceria com Portugal".
"Eu penso que se ultrapassou em muito aquilo que eram as expectativas", considerou o chefe de Estado português, que durante esta visita convidou o homólogo, Luis Abinader, para visitar Portugal neste ano, por altura da Web Summit.
Em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que a economia dominicana "é a segunda a crescer mais em toda a América Latina e nas Caraíbas" e manifestou-se impressionado com as propostas setoriais de cooperação avançadas nas conversas bilaterais desta visita.
O chefe de Estado deu alguns exemplos de "ideias já muito concretas" das autoridades dominicanas: "Que tal nós nos portos irmos mais longe na ligação entre Caucedo e Sines? Que tal nós fazermos um projeto conjunto em hidrogénio verde? Que tal, nós precisamos muito de eólicas, temos vento, e os portugueses são bons nisso".
"E deram uma série de indicações muito concretas, projetos muito concretos que tinham pensado, preparado muito bem o trabalho de casa", reforçou, concluindo: "Portanto, valeu muito a pena, uma visita muito rápida".
No seu entender, os dominicanos "gostam da ideia de ter Portugal com um especial papel, e de encontrar soluções para favorecer a posição portuguesa, para equilibrar" com outros países, para "uma diversificação".
"Isto é muito promissor, mas passa por vós, estão no sítio certo no momento certo", declarou, acrescentando: "Se não preenchermos o lugar, vem outro, que está ali mesmo atrás, atrás da árvore, à espera para entrar".
Neste encontro num hotel de Santo Domingo estiveram representantes da Altice e da Mota-Engil e também marcou presença o diretor-geral da Organização Mundial para as Migrações (OIM), António Vitorino.
O rei de Espanha, Felipe VI, que se encontrava no mesmo hotel, foi cumprimentar Marcelo Rebelo de Sousa.
Antes do Presidente da República, discursou o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, que qualificou esta visita como "histórica" e "o início de uma era diferente num relacionamento sempre amistoso, um relacionamento antigo" entre Portugal e a República Dominicana.
Segundo o ministro, "se houve uma característica central do diálogo" entre os chefes de Estado dos dois países "foi precisamente sobre as oportunidades que existem para o relacionamento económico".
Marcelo Rebelo de Sousa realizou esta visita oficial à República Dominicana antes de participar na 28.ª Cimeira Ibero-Americana de chefes de Estado e de Governo, em Santo Domingo, juntamente com o primeiro-ministro, António Costa.
No Congresso Nacional dominicano, o Presidente da República foi aplaudido ao prometer que Portugal irá "trabalhar para aproximar a União Europeia da República Dominicana" e para que "os dominicanos tenham o mesmo acesso à Europa que têm outros países latino-americanos".