“A região encontra-se num momento decisivo do seu desenvolvimento, uma vez que deve procurar adequar as mudanças profundas do contexto internacional a uma política que efetive a aposta em áreas estratégicas, como o mar, o turismo, a transição e transformação digital, a saúde e demais vertentes de desenvolvimento socioeconómico”, disse José Sílvio Fernandes à agência Lusa.
Numa resposta escrita, por se encontrar fora da região, a questões colocadas pela Lusa sobre o estado da região em final de legislatura, o responsável da principal instituição de ensino superior do arquipélago salientou que a universidade tem a função de contribuir para o futuro da Madeira.
No seu entender, o contributo deve efetivar-se nas componentes de formação, de investigação científica, de transferência de conhecimento e de internacionalização, visando “reter e atrair talento, e capacitar quadros superiores necessários ao futuro da Região Autónoma da Madeira”.
O reitor referiu a importância dos apoios dos executivos regionais à universidade, que se têm materializado, “fundamentalmente, na cedência de usufruto de instalações, na mobilidade de cerca de duas dezenas de docentes da Secretaria da Educação, Ciência e Tecnologia”, e no “apoio ao desenvolvimento do ciclo básico de Medicina, em particular, na sua extensão ao 3.º ano”.
Existe ainda uma participação conjunta da academia e do Governo Regional na Associação Regional para o Desenvolvimento da Investigação Tecnologia e Inovação (ARDITI) e na incubadora Startup Madeira, além de um trabalho conjunto no Observatório do Turismo.
José Sílvio Fernandes considerou que a situação da universidade “tem melhorado substancialmente nos últimos anos”.
“Embora com parcos recursos, tem gerido criteriosamente o seu projeto de desenvolvimento, de que são evidências os números que tem alcançado, com a renovação da oferta formativa, com o aumento do número de alunos em cerca de 40% (incluindo estudantes internacionais) e do valor de projetos de investigação, para cerca de 10 milhões de euros”, realçou.
Contudo, a academia “mantém a luta de ver majorado o seu orçamento, de modo a ser compensada pelos sobrecustos devidos à sua situação insular e ultraperiférica, bem como a pretensão de ter acesso aos fundos europeus para a internacionalização e transição digital”.
Além de esperar que sejam resolvidas as questões relacionadas com o modelo de financiamento, a universidade quer ver concretizadas pelo próximo Governo Regional as construções da nova residência universitária, no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência, e do edifício para o ensino politécnico.
O estabelecimento de ensino, realçou, é cada vez mais um instrumento de desenvolvimento cultural, socioeconómico, científico e tecnológico do arquipélago.
Por isso, é prioritário “promover a inovação, a investigação científica, a internacionalização, a transferência de conhecimento, e a formação de quadros superiores competentes e capacitados para se adequarem aos desafios de mudança e constante atualização que a sociedade do futuro há de exigir”.
O reitor apelou aos eleitos nas legislativas regionais para que “abracem o projeto por que lutaram com competência, amor à causa pública e entusiasmo”, e para que “lutem pelas causas que [a universidade] tem vindo a defender”.
“Desejo que este seja um período de reflexão e apresentação de propostas que providenciem as melhores soluções para a Região Autónoma da Madeira, porque a democracia é o regime que mais oportunidades dá a quem quer servir, de forma legitimada, a causa pública e os interesses e objetivos das populações”, concluiu.
A Universidade da Madeira foi criada em 1988, tem 73 cursos – entre licenciaturas, mestrados, doutoramentos, pós-graduações e cursos técnicos superiores profissionais – e conta com um universo de 3.800 alunos.
Para as eleições de 24 de setembro, o Tribunal do Funchal validou 13 candidaturas, correspondendo a duas coligações e outros 11 partidos.
A região é atualmente liderada por uma coligação PSD/CDS-PP, contando ainda o parlamento do arquipélago com a presença do PS, do JPP e do PCP.
Lusa