Os combates intensos continuaram hoje no complexo da siderúrgica na cidade sitiada de Mariupol, enquanto as forças russas tentavam eliminar os últimos defensores e completar a captura do porto estratégico da cidade.
Centenas de soldados ucranianos estão escondidos nos bunkers subterrâneos da fábrica, muitos deles feridos, tal como alguns civis.
O capitão Sviatoslav Palamar, vice-comandante do regimento Azov, disse numa declaração vídeo a partir dos ‘bunkers’ da unidade industrial que “os soldados feridos estão a morrer em agonia devido à falta de tratamento adequado”.
Ele instou o Presidente ucraniano, Voldymyr Zelensky, a ajudar a garantir a retirada dos feridos e dos civis ainda nos ‘bunkers’.
Palamar dirigiu-se também à comunidade internacional, denunciando os russos por “se recusarem a observar quaisquer normas éticas e a eliminar pessoas perante os olhos do mundo”.
A Rússia sustenta que as suas forças não estão a entrar no labirinto de túneis na fábrica de aço, mas Palamar garantiu que há combates em Azovstal.
“Foi o terceiro dia em que o inimigo invadiu o território da Azovstal. Está a decorrer um combate feroz e sangrento. Os defensores da cidade [Mariupol] lutam sozinhos há 71 dias com as forças esmagadoras do inimigo e demonstram tanta resistência e heroísmo que o país deve saber o que significa ser leal à pátria”, vincou.
Apesar de a Rússia ter prometido um cessar-fogo a partir da manhã de hoje, os militares ucranianos denunciaram que as tropas de Moscovo estão “a tentar eliminar” os últimos defensores de Azovstal.
A fábrica, um enorme complexo siderúrgico atravessado por redes subterrâneas, tem sido o último reduto de resistência dos combatentes ucranianos contra o exército russo em Mariupol, cidade onde se situa um porto estratégico.
A rendição ou captura destes militares seria uma importante vitória para Moscovo.
O autarca Vadim Boitchenko também pediu hoje a continuação da retirada de civis da cidade, realizadas com a ajuda das Nações Unidas e da Cruz Vermelha Internacional.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa