“Ainda não tivemos acesso a dados relativas a uma quarta dose [das vacinas anticovid-19 aprovadas] e gostaríamos de ver estes dados antes de podermos fazer qualquer recomendação mas, ao mesmo tempo, estamos bastante preocupados com uma estratégia que prevê a vacinação repetida dentro de um curto prazo”, disse o chefe da Estratégia de Ameaças Biológicas para a Saúde e Vacinas da EMA, Marco Cavaleri.
Falando na primeira conferência de imprensa do ano da agência europeia, Marco Cavaleri acrescentou “isto é algo que deveria fazer parte de uma estratégia global […] de vacinação ao longo do tempo, deixando claro que não se pode realmente dar continuamente uma dose de reforço a cada três, quatro meses”.
“Claro que quando se trata de pessoas vulneráveis e a imunodeprimidos, a história será um pouco diferente e, de facto, para os imunodeprimidos, será de esperar que uma quarta dose seja considerada”, adiantou o especialista.
Países como Israel estão já a administrar a quarta dose da vacina contra a covid-19 a pessoas vulneráveis, desde 31 de dezembro passado, na expectativa de mitigar os efeitos de uma nova onda de contágios devido à propagação da variante Ómicron.
Cerca de um ano após o lançamento de um plano de vacinação maciço através de um acordo com a empresa farmacêutica Pfizer e quase seis meses depois de ter começado a administrar doses de reforço, as autoridades sanitárias israelitas deram ‘luz verde’ para administrar a quarta dose de vacina a pessoas com o sistema imunitário comprometido.
Em meados de dezembro, em Bruxelas, o primeiro-ministro, António Costa, revelou que Portugal já apresentou um pedido de compra conjunta de uma nova vacina covid-19 adaptada à variante Ómicron, para o caso de ser necessária uma quarta dose.
A posição da EMA numa altura de elevado ressurgimento de casos por infeção com o SARS-CoV-2, que ainda assim não se traduz em mais internamentos ou mortes.
A contribuir para o elevado número de casos, que batem máximos, está a elevada transmissibilidade da variante de preocupação Ómicron.
A covid-19 provocou 5.494.101 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.161 pessoas e foram contabilizados 1.693.398 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países, sendo dominante em Portugal.