“Demos, até à data, 315 toneladas de material, entre equipamento de proteção individual, munições, armamento, mas também material médico e sanitário, veículos, ‘drones’, enfim uma variedade de material que nos foi solicitado. [Houve] sempre, sempre, a solicitação da Ucrânia”, disse a governante.
Helena Carreiras falava numa audição da Comissão parlamentar de Defesa Nacional sobre a execução da Lei de Programação Militar (LPM), em que também marcou presença o secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira.
A ministra da Defesa referiu que o Governo tem atualmente “cerca de 700 ‘kits’ médicos a ser preparados para enviar" para a Ucrânia, além de estar a oferecer “apoio de treino para várias áreas, designadamente para os veículos Leopard V-6 e também para a desminagem, inativação de engenhos explosivos” ou outras áreas que possam vir a ser solicitadas por Kiev.
Helena Carreiras forneceu estes dados aos membros da Comissão de Defesa Nacional após ter sido interpelada pela deputada da Iniciativa Liberal (IL) Patrícia Gilvaz sobre o fornecimento de material militar à Ucrânia, e designadamente sobre o transporte de 15 carros blindados MC-113 oferecidos por Portugal, que alegou só ter sido possível “graças à generosidade de países terceiros".
A deputada da IL quis ainda saber se as Forças Armadas portuguesas “utilizam material da Segunda Guerra Mundial”, referindo-se a notícias segundo as quais a Ucrânia teria recusado “obuses rebocados MC-144 de 155 milímetros disponibilizados pelo Governo português”, e que datariam de 1942.
Em resposta a Patrícia Gilvaz, Helena Carreiras afirmou que Portugal ofereceu 14 carros blindados MC-113 à Ucrânia – e não 15 – e sublinhou que o transporte dos veículos em questão foi feito “no quadro da coordenação internacional que está a ser levada a cabo entre parceiros e aliados”, em referência ao “chamado grupo de contacto para a Ucrânia”, e através de “um centro de coordenação de doadores”.
Segundo Helena Carreiras, esse centro de coordenação “ajuda os países a processar ou a organizar os processos de transporte e de envio para a Ucrânia de todo o material”, como também “coordena esse esforço para o articular, para não ser aquela dispersão que às vezes acontece nestes processos”.
“Parece-vos que deveria ter onerado o contribuinte português com o envio descoordenado das nossas dádivas à Ucrânia, ou usar o mecanismo como está? Demorou um pouco? Demorou. Concretizou-se: [os MC-113] já lá estão, já recebi uma carta do meu homólogo a agradecer muitíssimo a chegada desse material”, anunciou.
Quanto ao que qualificou de “história dos obuses”, em referência aos MC-144 que foram alegadamente recusados por Kiev, Helena Carreiras afirmou que essa história está "mal contada" e que o armamento em questão foi pedido “explicitamente pela Ucrânia”.
“Nós mostrámos disponibilidade e, mais tarde, eles retiraram o pedido porque já tinham recebido material idêntico”, frisou.
Helena Carreiras prontificou-se a ir com mais frequência à Comissão de Defesa Nacional para prestar esclarecimentos sobre estas matérias, tendo em conta que a comunicação social “acompanha de muito perto as questões de Defesa” e “sobretudo as questões que têm a ver com os equipamentos e com a Ucrânia".
“Relativamente às missões, por exemplo, é uma conversa que vale a pena termos e para acompanharmos melhor o que fazem os nossos militares. É também uma ocasião para projetar para o país aquilo que é importante trabalho das Forças Armadas portuguesas”, sublinhou.
Lusa