"Penso particularmente Nicarágua, cuja situação sigo de perto, com a esperança de que as diversas instâncias políticas e sociais encontrem no diálogo a estrada principal para se empenharem pelo bem de toda a nação", disse Francisco, num discurso ao corpo diplomático credenciado no Vaticano.
O papa sublinhou que "o Vaticano não pretende interferir na vida dos Estados" e disse que o seu objetivo é "colocar-se ao serviço do bem de todo o ser humano" e trabalhar “para promover a construção de sociedades pacíficas e reconciliadas".
Francisco também desejou "para a amada Venezuela, que se encontrem meios institucionais e pacíficos para resolver a crise política, social e económica em curso".
"Vias que permitam ajudar, especialmente, aqueles que são testados pelas tensões destes anos e oferecer ao povo venezuelano um horizonte de esperança e paz", acrescentou.
Sobre a situação da Venezuela, agradeceu "à Colômbia, que, juntamente com outros países do continente, nos últimos meses tem recebido um grande número de pessoas da Venezuela".
"Não posso deixar de agradecer os esforços de muitos Governos e instituições que, impulsionados por um generoso espírito de solidariedade e caridade cristã, colaboram fraternalmente a favor dos migrantes", disse.
O papa recordou ainda uma antiga intervenção de Paulo VI na ONU e as suas palavras: "Nunca jamais a guerra! É a paz, é a paz que deve guiar o destino dos povos e de toda a humanidade”.
Francisco também recordou as vítimas das guerras no mundo, especialmente na Síria, e pediu uma solução para "um conflito que não terá mais do que vencidos".
"Mais uma vez, apelo à comunidade internacional para que promova uma solução política para um conflito que no final não terá mais do que vencidos", afirmou.
Acrescentou que "é essencial que cessem as violações dos direitos humanos, que causam um sofrimento incalculável à população civil, especialmente mulheres e crianças, e afetam estruturas essenciais como hospitais, escolas e campos de refugiados, bem como edifícios religiosos".
O papa disse que não se pode esquecer "os numerosos refugiados que o conflito provocou, submetendo os países vizinhos a um severo teste".
"Mais uma vez, gostaria de expressar a minha gratidão à Jordânia e ao Líbano, que, com espírito fraterno e com grande sacrifício, acolheram muitos grupos de pessoas, expressando ao mesmo tempo o desejo de que os refugiados possam regressar à sua pátria, com condições de vida e segurança ", disse.
Francisco disse que esperava que o diálogo entre israelitas e palestinianos pudesse ser renovado para que se chegasse a um acordo que respondesse às legítimas aspirações de ambos os povos.
O papa lembrou os cristãos do Médio Oriente, que "foram afetados pela instabilidade" que a região está a experimentar.
"É muito importante que os cristãos tenham um lugar no futuro da região e, portanto, encorajo aqueles que buscaram refúgio em outros lugares a fazerem o possível para voltar a casa para manter e fortalecer os laços com suas comunidades de origem ", ressaltou.
O papa espera "que as autoridades políticas não parem de garantir a segurança necessária e todos os requisitos que lhes permitam continuar a viver nos países dos quais são totalmente cidadãos e contribuem para sua construção".
Francisco observou que a Síria e todo o Oriente Médio têm sido palco de conflitos de múltiplos interesses opostos, incluindo "a tentativa de criar inimizade entre muçulmanos e cristãos".
As viagens que Francisco fará este ano a países de maioria muçulmana, Marrocos e Emirados Árabes Unidos, serão, segundo o papa, "duas ocasiões importantes para aumentar ainda mais o diálogo inter-religioso e o entendimento mútuo entre os fiéis de ambas as religiões".
C/ LUSA