“O passado recente mostrou-nos que foram, sobretudo, os nossos filhos que compreenderam a escala e a enormidade dos desafios enfrentados pela sociedade, especialmente a crise climática. Temos de os ouvir com o coração aberto. Devemos seguir o seu exemplo porque são sábios apesar da sua idade”, apelou o papa aos líderes mundiais, através do prólogo publicado hoje pelo Vaticano, por ocasião da cimeira do clima COP26, e no qual aborda o tema da Criação.
Lamentou que a pandemia tenha amplificado ainda mais o “grito da terra” e o “grito dos pobres”, que a humanidade “continua a tentar contrariar”, mas observou que não se deve esquecer que as crises “são também janelas de oportunidade: são ocasiões para reconhecer e aprender com os erros do passado”.
“São também um tempo para mudarmos de velocidade, para mudarmos maus hábitos, a fim de podermos sonhar, criar e agir em conjunto para realizarmos futuros justos e equitativos”, acrescentou ele.
Apelou para o desenvolvimento de “uma nova forma de solidariedade que valorize mais as pessoas do que o lucro, que procure novas formas de compreender o desenvolvimento e o progresso”.
“Portanto, a minha esperança e a minha oração é que não saiamos desta crise da mesma forma como entrámos nela”, disse ele.
“Chegou o momento de sonhar em grande, de repensar as nossas prioridades – o que valorizamos, o que queremos, o que procuramos – e de planear de novo o nosso futuro, comprometendo-nos a agir na nossa vida quotidiana sobre o que sonhámos. É tempo de agir, e de agir em conjunto", acrescentou.
O pontífice tinha anunciado o seu desejo de participar na Cimeira de Glasgow, mas no último minuto o Vaticano enviou o Secretário de Estado Pietro Parolin para o representar.
Com este texto, Francisco assina o livro “Laudato si ‘Reader”, publicado por ocasião do COP26, no qual ativistas ambientais, embaixadores, homens e mulheres da Igreja relatam como a encíclica do Papa “Laudato si” tem sido recebida em vários contextos em todo o mundo.