A conclusão consta de um estudo desenvolvido por investigadores da Universidade de Santiago de Compostela, em Espanha, da Escola Nacional de Saúde Pública e da Universidade da Beira Interior a que agência Lusa teve acesso.
Esta revisão sistemática dos diferentes dados disponíveis indica que 93,3% dos portugueses declaram estar expostos ao fumo do tabaco em terraços e esplanadas da restauração, 88,7% nas praias, 87,3% nas paragens de autocarro, 81,5% nos estádios desportivos, 83,3% nos parques, 72,8% nos recintos das escolas e 71,9% nos recintos dos hospitais.
"Estes dados são muito preocupantes, pois não há um nível seguro de exposição ao fumo de tabaco, que causa as mesmas doenças do que o consumo ativo, como cancros, doenças respiratórias e cardiovasculares e infeções", salientou Sofia Ravara, professora da Universidade da Beira Interior e uma das autoras principais do estudo.
Um outro estudo dos mesmos investigadores conclui que a "carga de mortalidade por tabaco é elevada e varia significativamente por região, sexo e idade".
Em 2019, o consumo de tabaco provocou 13.847 mortes em Portugal, 9.859 (71,2%) homens e 3.988 mulheres, representando 12,3% do total de mortes ocorridas em adultos portugueses com 35 ou mais anos, indica o documento.
Do total da mortalidade atribuída ao tabaco, "pelo menos 22,2% foram óbitos prematuros ocorridos em menores de 65 anos, representando 20,7% do total de mortalidade observada na faixa etária de 35 a 64 anos", refere o estudo.
"Os Açores e a Madeira apresentam dados preocupantes. Nas regiões autónomas, a mortalidade associada ao tabaco é muito alta para todas as doenças, incluindo por doença cardiovascular, a qual é similar à mortalidade das doenças oncológicas, ao contrário das regiões de Portugal com maior nível socioeconómico e maior equidade social e em saúde, em que houve uma franca diminuição da mortalidade por doença cardiovascular", sublinhou Sofia Ravara.
Isso quer dizer que o "tabaco é um reforçador das desigualdades em saúde", sublinhou a médica pneumologista.