Numa cerimónia de receção aos 52 elementos, que decorreu hoje no Picadeiro Real, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que a condecoração é um “testemunho simbólico de reconhecimento nacional” e de “gratidão”.
“Gratidão, por um lado, à força e à sua afirmação coletiva, gratidão, por outro lado, uma a uma, um a um, às dezenas de elementos que a formaram, que lhe deram corpo e alma, gratidão que não é só nem sobretudo minha – do Presidente da República – é a gratidão de Portugal”, referiu.
Nesta cerimónia, em que também marcou presença o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e a embaixadora da Turquia em Portugal, o Presidente da República considerou que os 52 elementos da Força Operacional Conjunta (FOCON) que estiveram em missão na Turquia foram “excecionais na prontidão, no espírito de grupo, na devoção, na competência, na humanidade”.
“Esta foi a maior catástrofe em número de mortos enfrentada por uma força como a vossa nos últimos sete anos. Tivemos, e temos, nesse período de tempo, duas FOCON no Chile, notáveis também, felizmente sem tão elevado número de vítimas mortais a registar. Em todos os casos, temos sido exemplares: no vosso caso, em condições específicas – não experimentadas desde 2010 no Haiti -, de um sismo e seus efeitos devastadores”, salientou.
Dirigindo-se à embaixadora da Turquia em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a manifestar as “profundas condolências e a indefetível solidariedade do povo português” para com Ancara.
“Não há palavras que possam retratar a forma como todo o povo português vibrou em uníssono com a tragédia natural que se viveu, e se vive, no país de vossa excelência, como aliás com a vivida na Síria”, sublinhou.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, “não há palavras que retratem a destruição, a dor, o sofrimento, traduzidos em quase 50 mil mortos e tantos, tantos feridos e perdidos no tempo e no espaço à procura de um hoje e de um amanhã desaparecidos”.
“Receba, senhora embaixadora, e transmita mais estes 10 milhões de abraços de portuguesas e portugueses”, disse.
Por sua vez, o ministro da Administração Interna salientou que a missão da FOCON na Turquia esteve “imbuída da solidariedade nacional para com o povo turco numa hora de profundas dificuldades”.
“Foi uma missão (…) que mostra bem a competência, a dedicação, a entrega, o sentido de serviço e de solidariedade, de prontidão desta força que pode, em nome de Portugal, mostrar a solidariedade concreta para salvar vidas e para viver momentos de humanismo e da prova de humanismo de Portugal na vida internacional”, salientou.
José Luís Carneiro relembrou que a FOCON foi composta por elementos da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Guarda Nacional Republicana (GNR), Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa e Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
O comandante da FOCON, José Guilherme, salientou que, durante a missão, “não existiram diferenças de fardas”, e o trabalho dos 52 elementos foi pautado “pelo respeito mútuo, pela lealdade” e tendo “um único objetivo: salvar vidas”.
José Guilherme recordou que a FOCON, que esteve em destacada entre 8 e 18 de fevereiro em Antáquia, conseguiu resgatar com vida uma criança de 10 anos.
“Este salvamento foi o corolário da formação do treino da persistência, da competência, da disponibilidade e da abnegação e da entrega que todos estes operacionais, em representação de todos os portugueses, colocaram em solo turco”, referiu.
No final dos discursos, Marcelo Rebelo de Sousa entregou a condecoração a José Guilherme, em representação da FOCON.
O Presidente da República anunciou ainda que, nos próximos dias, vão ser entregues na ANEPC, GNR, INEM e Regimento de Sapadores Bombeiros as “insígnias individuais” da Ordem do Mérito para distinguir cada um dos 52 elementos da FOCON.