Fontes europeias avançaram à agência Lusa que no total, “58 indivíduos e 17 entidades” serão abrangidos pelas novas medidas restritivas da UE, adotadas devido à guerra da Ucrânia, causada pela invasão russa, no final de fevereiro.
Segundo a proposta final do Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, enviada ao Conselho e à qual a Lusa teve acesso, um dos visados é o patriarca ortodoxo Kirill, assim como Azatbek Asanbekovich Omurbekov, o comandante que “matou, violou e torturou civis na Ucrânia em Bucha”.
Por um lado, o patriarca Kirill é descrito como “um aliado de longa data do Presidente Vladimir Putin, que se tornou um dos mais proeminentes apoiantes da agressão militar russa contra a Ucrânia”, nomeadamente por ter apoiado a “operação especial de manutenção da paz” russa e a ter classificado como “operação de limpeza religiosa” e ainda por ter “abençoado os soldados russos”.
“O Patriarca Kirill é, portanto, responsável por apoiar ou implementar, ações ou políticas que minam ou ameaçam a integridade territorial, soberania e independência da Ucrânia, bem como a estabilidade e segurança na Ucrânia”, difundindo “a mensagem de que o território de Donbass e outras áreas ucranianas pertencem à Rússia Santa e, por conseguinte, deveriam ser purificados dos seus inimigos", refere.
Por outro lado, o coronel e comandante da operação militar em Bucha, Azatbek Asanbekovich Omurbekov, “liderou as ações da sua unidade militar e foi apelidado de ‘Carniceiro de Bucha’ devido à sua responsabilidade direta em assassínios, violações e tortura”, indica a proposta.
Frisando que “estas atrocidades constituem crimes de guerra e contra a humanidade”, o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança conclui que Azatbek Asanbekovich Omurbekov “é responsável por apoiar ou implementar ações ou políticas que minam ou ameaçam a integridade territorial, soberania e independência da Ucrânia”.
Constituída praticamente por altos responsáveis militares, a lista de 58 indivíduos que a Comissão hoje propôs serem também alvo de medidas restritivas inclui ainda a mulher e dois filhos do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, dono de uma grande fortuna.
Bruxelas propõe então a inclusão de Elizaveta Dmitrievna Peskova e Nikolay Dmitriyevich Peskov, filhos do porta-voz de Vladimir Putin, assim como da sua mulher, Tatiana Aleksandrovna Navka, apontando que todos “têm vivido um estilo de vida luxuoso” fruto das “ligações” de Dmitri Peskov, sendo que a sua mulher é também coproprietária de empresas e propriedades, incluindo na Crimeia, “península ilegalmente anexada pela Rússia”.
Da lista consta ainda o nome da nova presidente da câmara de Melitopol, Galina Danilchenko, instalada pelas forças russas que ocupam esta cidade ucraniana.
A lista de sanções da UE dirigida à Rússia, aberta depois da anexação da Crimeia em 2014, já conta agora com 1.091 pessoas e 80 entidades.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs hoje a proibição das importações europeias de petróleo à Rússia, a concretizar gradualmente até final do ano devido à dependência de alguns países, na sequência da guerra na Ucrânia.
Além disso, adiantou que o novo pacote de sanções abrangerá “oficiais militares de alta patente e outros indivíduos que cometeram crimes de guerra em Bucha e que são responsáveis pelo cerco desumano à cidade de Mariupol".
"Isto envia um sinal importante a todos os perpetradores da guerra do ‘Kremlin’ [Presidência russa], de que sabemos quem são e serão responsabilizados”, adiantou Ursula von der Leyen, intervindo num debate na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.