"Vejo com preocupação" a situação epidemiológica na região, afirmou Ireneu Barreto à agência Lusa.
O juiz conselheiro argumentou desconhecer se esta situação era "previsível", considerando ser "uma surpresa" e "desconhecer as causas".
"Fala-se muito do Natal e do Fim do Ano, da vinda dos emigrantes e dos estudantes e penso que há um pouco de tudo e também uma certa displicência da nossa população, que não tomou, na minha opinião, os cuidados devidos", opinou.
Ireneu Barreto censurou aqueles que, por ocasião do espetáculo de fogo de artifício do Fim do Ano, ficaram em casa, mas juntaram amigos e promoveram "grupos de dimensão preocupante".
Para o representante, "mais do que procurarmos as causas, temos de tentar remediar o que é possível remediar", elogiando as medidas adotadas pelo Governo Regional para minimizar a situação.
"Presumo que ainda não chegámos ao ponto alto da crise que atravessamos e espero que venha a ser dominada rapidamente para que possamos regressar a uma vida mais ou menos normal", vincou.
Devido à atual situação, e depois dos alertas que recebeu do Governo da Madeira para algumas "situações pontuais nalgumas zonas criticas da região", onde se registaram aglomerações em bares e convívios para beber poncha, Ireneu Barreto anunciou que contactou o comandante da Polícia de Segurança Pública (PSP) da Madeira.
As forças de segurança no arquipélago estão sob o tutela do representante da República.
"Pedi também ao comandante da PSP que a polícia tivesse uma atitude mais visível na sua atuação", declarou.
Ireneu Barreto acrescentou vai apelar às forças de segurança que "deixem aquela fase de pedagogia, em que se pedia às pessoas para porem a máscara, respeitarem o distanciamento social, etc, etc" e comecem a aplicar multas.
Ireneu Barreto enfatizou que, a partir deste momento, o apelo que faz às forças de segurança "é que sejam rigorosos, ou seja, quando for necessário que apliquem as multas que estão previstas no sistema que está em vigor na região".
Justificou que esta medida não significa "a aplicação sistemática de multas" nem uma atitude "persecutória", mas foi ultrapassada "a fase em que se era pedagógico e tentava convencer as pessoas do mal em que estavam, da infração em que se encontravam".
O representante ainda realçou que, "em geral, a população da Madeira e do Porto Santo tem sido exemplar" no cumprimento das regras, mas há sempre exceções a vários níveis".
Deu o exemplo dos que passeiam sem máscara, do desrespeito pelo distanciamento social, nomeadamente nas paragens dos autocarros, esquecendo "que o autocarro vai esperar o tempo que for preciso para que entrem", e os convívios de amigos.
O representante apelou ainda à responsabilidade da população para o cumprimentos das regras de segurança, dirigindo-se especificamente aos jovens,
"Nós não sabemos ainda hoje quais as consequências que podem derivar desta pandemia, mas há uma sensação entre alguns jovens, poucos, felizmente, de que são imunes à covid", salientou, destacando que esta ideia "é um erro" porque podem ser infetados e contaminar outros.