“O exército continuará instalado e alerta ao longo das fronteiras, de forma a impedir qualquer violação da integridade do território. Reafirmamos a nossa obediência, submissão e firme lealdade ao Presidente, o Comandante Supremo, Nicolás Maduro”, afirmou o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, na presença das altas patentes militares.
Na segunda-feira, Donald Trump avisou os líderes militares venezuelanos que apoiam Maduro de que não iam encontrar “um porto seguro, uma saída fácil” e que iam “perder tudo”, caso se recusassem a apoiar o líder da oposição e presidente autoproclamado, Juan Guaidó.
O general Padrino apelidou Trump de “arrogante” e defendeu que o exército não iria permitir o estabelecimento forçado de um “governo antipatriota”.
Guaidó, reconhecido como presidente interino ou apoiado por mais de 50 países, convocou novas manifestações para sábado, de forma a exigir a entrada de ajuda humanitária, algo que Nicolás Maduro recusa categoricamente, argumentando que essa ajuda não é necessária e que é uma farsa e uma porta aberta para uma tentativa intervenção militar americana.
“É uma teia de mentiras, manipulações, uma campanha psicológica, propaganda implementada contra a Venezuela para chegar ao poder”, disse Vladimir Padrino, referindo-se à ajuda de emergência que está na fronteira com a Colômbia mas com entrada na Venezuela bloqueada pelo exército.
Ainda hoje, Guaidó recorreu ao Twitter para enviar mensagens aos chefes militares instalados nas fronteiras da Venezuela para pedir que desobedeçam às ordens do chefe de Estado.
“No dia 23 de fevereiro, devem escolher entre servir Maduro ou servir a vossa pátria… Deixem entrar a ajuda humanitária”, escreveu.
Dezenas de toneladas de comida e medicamentos enviadas por avião desde os Estados Unidos da América estão depositados em armazéns em Cúcuta, na Colômbia, perto da ponte fronteiriça de Tienditas, que está bloqueada pelas autoridades venezuelanas.
Um outro centro de armazenamento é suposto começar a funcionar no Brasil, no estado fronteiriço de Roraima, e um avião de Miami com ajuda dos EUA está previsto aterrar na ilha de Curaçao.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
C/LUSA