Esta será a primeira reunião entre políticos e especialistas desde que terminou o estado de emergência em 30 de abril, e nela deverá ser apresentado um estudo solicitado pelo Governo aos professores Raquel Duarte e Óscar Felgueiras sobre regras a aplicar para futuro para conter a Covid-19, mas com o programa de vacinação já em fase avançada.
No final de abril, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o seu executivo tinha pedido a estes dois especialistas – os mesmos que deram o apoio técnico no desenho do último programa de desconfinamento – que apresentassem um conjunto de regras para vigorar em todo o país a partir do momento em que grande parte da população com mais de 60 anos se encontre vacinada.
O objetivo, de acordo com o líder do executivo, é "readaptar de novo as regras" que foram definidas em março a uma nova situação de risco da epidemia "num quadro em que as faixas etárias que têm sido de maior risco tenham alcançado um nível de imunização vacinal".
Além das novas regras, nesta reunião, no Infarmed, em Lisboa, será também analisada a mais recente evolução da epidemia em Portugal, num momento em que o índice de transmissão (Rt) do coronavírus SARS-Cov-2 atingiu os 1,06, enquanto a incidência de casos de infeção por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias aumentou para 55,6.
A atual situação epidémica apresenta valores baixos no conjunto do território nacional, mas causa preocupação na Região de Lisboa e Vale do Tejo, com um índice de transmissão a aproximar-se de 1,2 e a incidência de casos de infeção por 100.00 habitantes nos últimos 14 dias perto dos 120.
O índice de transmissão do vírus e a taxa de incidência de novos casos de Covid-19 são os dois critérios definidos pelo Governo para avaliar o processo de desconfinamento iniciado a 15 de março.
Na segunda-feira, em Vila Franca de Xira, o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, afirmou que haverá um reforço da testagem à Covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, face ao aumento da incidência, considerando essencial o corte das cadeias de transmissão.
"O que se vai fazer em Lisboa é reforçar de alguma maneira os mecanismos que já existem, de forma a conseguirmos testar mais gente e irmos um pouco mais longe nos elos de ligação entre pessoas confirmadas com Covid-19 ou que tenham estado em contacto com uma pessoa que foi confirmada como Covid-19. Sabemos bem da experiência que já acumulámos que cortar a transmissão é absolutamente essencial", declarou.
Na última reunião entre políticos e peritos, em 27 de abril, o Presidente da República, que participou por videoconferência, agradeceu a todas as equipas de especialistas que estiveram evolvidos nas 20 sessões realizadas sobre a situação da Covid-19 a ajuda que têm dado aos decisores políticos ao longo de mais de um ano.
Numa curta intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa disse querer "agradecer uma vez mais e hoje de forma muito impressiva aos intervenientes" nessa sessão e também "agradecer nas suas pessoas a todas as equipas que têm ao longo do tempo e continuam ao longo do tempo a colaborar nesta missão".
Segundo o chefe de Estado, trata-se de "uma missão essencial de ajuda aos decisores políticos, nomeadamente ao Governo, mas também ao Presidente da República, e também à Assembleia da República".
"Sem esse papel de conselho, de análise, de reflexão, de pesquisa, não seria tão fácil, eu diria mesmo não seria possível aos decisores agirem como têm tentado agir ao longo de mais de um ano de pandemia", acrescentou.
Nas últimas reuniões, nas instalações do Infarmed, em Lisboa, têm estado presencialmente a maioria dos especialistas e a ministra da Saúde, Marta Temido, enquanto o chefe de Estado, primeiro-ministro, presidente da Assembleia da República, representantes de partidos, parceiros sociais e membros do Conselho de Estado têm participado por videoconferência.