"Neste momento, só há uma investidura possível em Espanha, e não é a do senhor Alberto Núñez Feijóo porque não tem os números para uma investidura", disse o porta-voz do Somar, Ernest Urtasun, referindo-se ao presidente do Partido Popular (PP, direita).
O PP foi o partido mais votado nas eleições legislativas espanholas de domingo, mas não alcançou uma maioria absoluta sozinho nem com o VOX, de extrema-direita, com quem governa em coligação em três regiões autónomas.
O Partido Socialista (PSOE), o segundo mais votado, e o Somar assumiram na campanha a vontade de governarem juntos e hoje Ernest Urtasun pediu para as negociações com vista à elaboração do "programa de governo e da estrutura ministerial" se iniciarem de imediato.
O porta-voz do Somar sublinhou por diversas vezes, numa conferência de imprensa, que os dois partidos, com o apoio de outras formações regionalistas que elegeram deputados, têm possibilidade de formar Governo.
Ernest Urtasun acrescentou que o Somar vai iniciar já também contactos com esses partidos para "tornar possível" a coligação de esquerda e extrema-esquerda "o mais depressa possível".
O porta-voz do Somar escusou-se porém a dar detalhes sobre "os conteúdos" das negociações com esses partidos, que incluem independentistas catalães e bascos, como o Juntos pela Catalunha (JxCat), que defende a realização de um referendo sobre a independência da região ou a amnistia de condenados pela tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017.
Ernest Urtasun disse estar convencido de que o PSOE e o Somar vão conseguir formar Governo e que não haverá repetição das eleições, o que considerou que "não passa pela cabeça de ninguém", porque seria dar "uma oportunidade ao PP e ao VOX" de conseguirem a maioria que não tiveram no domingo.
A líder do Somar, Yolanda Díaz, já tinha dado como certa a vitória da esquerda nas eleições de domingo em Espanha e anunciou na noite passada que iria iniciar conversações com todas as forças progressistas para “garantir o Governo de Espanha”.
O Somar é uma plataforma de partidos de extrema-esquerda que faziam parte do Unidas Podemos, que fez parte do Governo espanhol na última legislatura, em coligação com os socialistas.
Yolanda Díaz é a atual ministra do Trabalho e uma das vice-presidentes do Governo.
O líder dos socialistas e primeiro-ministro, Pedro Sánchez, celebrou no domingo o “fracasso do bloco do retrocesso", mas não deu qualquer indicação sobre o que fará e quando o fará em relação à formação de um novo executivo.
Os dirigentes do PP garantem desde domingo à noite que, como partido mais votado, vão tentar formar Governo.
Lusa