Falando no encerramento da 74.ª Assembleia Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus apontou que "é precisa uma mudança de paradigma tanto na quantidade como na qualidade do financiamento" para a OMS.
Indicou que ao longo dos trabalhos da assembleia, que terminou hoje, vários países indicaram o quanto dependem das orientações técnicas dos peritos da OMS, mas salientou que muitos desses peritos "têm contratos de curta duração ou têm que planear os seus contratos em ciclos que dependem de flutuações financeiras".
Ghebreyesus salientou que o maior desafio imediato para a OMS é manter a sua resposta à pandemia, que inclui coordenação e apoio técnico aos países membros, formação de profissionais de saúde, aumento de sequenciação genética do coronavírus SARS-CoV-2, disponibilização de material essencial e envio de especialistas em caso de necessidade.
"Tudo isto se paga e não podemos pagar às pessoas com elogios ou felicitações", resumiu.
O diretor geral da OMS afirmou que ainda "falta muito" para acabar com a pandemia da covid-19 e que, embora seja encorajador pensar que os novos casos e mortes estão a baixar por todo o mundo, "seria um erro monumental qualquer país pensar que passou o perigo".
Os membros da organização concordaram na criação de um grupo de trabalho em que participem todos os países que o desejem para estudar o início de conversações para chegar a uma convenção sobre pandemias.
Tedros Ghebreyesus defendeu que um tratado desses seria a forma mais eficaz de reforçar a OMS e a segurança sanitária global, além de que melhoraria as relações entre países e reforçaria a colaboração.
"Aquilo que define uma pandemia é que acontece quando não se partilham informação, dados, patogénicos, tecnologias ou recursos", assinalou o responsável da agência.
A Assembleia Mundial da Saúde marcou uma nova reunião extraordinária para daqui a seis meses para tomar uma decisão final sobre a convenção. Caso as negociações para a elaborar comecem, entretanto, o processo de elaboração da convenção será alargado.
Ao cabo de sete dias de reuniões, outras áreas da saúde pública também estiveram em discussão, como diabetes, deficiência, violência sobre crianças, oftalmologia, HIV, hepatite e infeções transmitidas sexualmente, produção local de medicamentos, malária, doenças tropicais, enfermagem ou saúde oral, que motivaram a aprovação de mais de 30 decisões e resoluções.