“Passado o susto inicial, é o voltar à normalidade, porque não se sabe o tempo que isto vai levar. O objetivo é transmitir calma e apoio à população e voltarmos à nossa vida e tentarmos celebrar a Semana Santa dentro dos possíveis”, sublinhou o pároco, em declarações à agência Lusa.
No fim de semana, as celebrações estiveram interditadas nas fajãs e foram desaconselhadas em todas as igrejas do concelho das Velas por precaução.
As imagens das igrejas foram removidas dos seus locais habituais e foi cancelada a procissão que deveria ter ocorrido na tarde de domingo na freguesia da Urzelina.
"No sábado e no domingo, não se sabia o que iria acontecer e não houve missa, porque houve um êxodo da população e também não era aconselhável juntar pessoas. Nas Velas, nem pessoas tinha para as celebrações. Mas mantiveram-se as missas noutras zonas da ilha onde era possível”, explicou o padre António Azevedo.
Uma nota publicada hoje no site na Internet da Igreja Açores refere que "as celebrações do culto em todo o concelho de Velas são retomadas a partir de hoje", na sequência de uma reunião do Administrador Diocesano com o clero da ilha de São Jorge esta semana.
“A decisão tem a ver também, de alguma forma, com a situação que acalmou. Se estivessem a ocorrer sismos elevados não iríamos retomar. Sabemos que as igrejas são edifícios antigos e há o caso da igreja da Urzelina, cujo teto está a precisar de obras. Torna-se perigoso, mas não vou impedir”, salientou o pároco.
O padre aconselha a população a “manter o distanciamento para que, em caso de sismo, se possam proteger”.
Na nota enviada ao Igreja Açores pelo Administrador Diocesano, é referido também que “o risco de aglomeração de pessoas não é elevado, uma vez que 50% da população do concelho está no concelho da Calheta e ou fora da ilha”.
A nota lembra "os lugares de maior perigo", como "torres e frontispícios" e informa os procedimentos a tomar caso ocorra algum episódio sísmico, alertando que os fiéis devem “baixar-se entre os bancos” e os “ministros junto do altar”.
Por outro lado, “devem estar a funcionar as portas laterais e das traseiras das igrejas, como saídas de emergência mais seguras”, lê-se ainda.
Os “sinos das torres estão desativados em todas as igrejas do concelho de Velas, e só repicarão em caso de alerta de eminência de vulcão, juntamente com as sirenes dos bombeiros e das rádios” acrescenta.
Estão, ainda, “definidos pontos de encontro das pessoas que não tenham transporte próprio para a saída em caso de evacuação, tal como estão identificados os pontos mais próximos e seguros para onde se devem dirigir”, assinala.
Quanto à catequese e demais encontros “podem manter-se, sem obrigação nem marcação de ausências" e "no regresso das férias da Páscoa, serão dadas novas indicações a todos os participantes”.
Depois de uma reunião com todos os sacerdotes da ilha a conclusão é a de que sentimentos como o “medo, o negacionismo, a indiferença” devem ser evitados e a população deve estar “a vigilância e proativa”, mantendo-se atenta aos sinais e à informação avançada pelas autoridades da Proteção Civil, lê-se ainda.
Os sacerdotes decidiram igualmente reiterar a importância da presença do “pastor no meio do seu povo”, devendo “permanecer com ele” nesta situação garantindo a proximidade e o conforto espiritual.
“A situação relativamente às escolas, capelanias de idosos e doentes e destes nas suas casas” é também “uma prioridade” para evitar a solidão e o abandono, sublinha.
De acordo com a mesma nota publicada, durante a reunião com o cónego Hélder Fonseca Mendes e os sacerdotes da ilha de São Jorge, ficou sublinhada a necessidade de “cooperação" com as instituições oficiais e da sociedade civil, "dinâmicas e lugares de acolhimento das comunidades”.
Na quinta-feira o presidente da Proteção Civil açoriana informou que o número de sismos registados na ilha de São Jorge registou "uma redução significativa", havendo ainda "uma alteração relativamente à localização dos epicentros".
O brigadeiro-general Eduardo Faria revelou ainda que há "também uma alteração relativamente à localização dos epicentros" dos sismos, no sentido dos Rosais, na parte mais ocidental da ilha.
Em declarações à agência Lusa o responsável explicou que os epicentros dos sismos na nova zona da crise sismovulcânica de São Jorge, nos Rosais, foram registados mais próximos da superfície, entre os cinco a sete quilómetros de profundidade.
Desde o início da crise sísmica em São Jorge, no dia 19, que os sismos se têm vindo a registar na parte central da ilha, numa área que vai desde o centro de Velas até à Fajã do Ouvidor.
Os eventos ocorridos na zona central da ilha continuam a ter um epicentro com profundidade de “7,5 a 12 quilómetros”.
A ilha está com o nível de alerta vulcânico V4(ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.