“Um vírus colocou-nos de joelhos e não soubemos combatê-lo de forma eficaz. Agora está a espalhar-se a todas as partes [do mundo]. Não houve controlo, não houve coordenação eficaz entre os Estados-membros [que pertencem à ONU]. Estamos divididos na luta contra a covid-19”, disse o secretário-geral das Nações Unidas, durante uma conferência de imprensa através de videoconferência, citado pela agência espanhola Efe.
O português Guterres recordou que “este vírus microscópico trouxe consequências catastróficas” para o mundo e evidenciou os problemas sistémicos da comunidade internacional, agravando a perda de confiança dos cidadãos em políticos e nas instituições.
“Diante de estas fragilidades, os líderes internacionais têm de ser humildes e reconhecer a importância vital da unidade e da solidariedade”, defendeu o líder da ONU.
António Guterres reconhecer que é impossível prever o que vai acontecer nos próximos tempos: “Estamos no meio do nevoeiro”.
Em relação à gestão da ONU, Guterres disse que a organização se mobilizou para “salvar vidas, controlar a transmissão do novo coronavírus e reduzir o impacto económico” da pandemia, insistindo que não é possível recriar sistemas que “agravaram a crise” atual.
“Temos de nos reconstruir melhor com sociedades e económicas mais sustentáveis, inclusivas e com igualdade de género”, sustentou, realçando que este é o momento oportuno para investir nas energias renováveis e limpas e na construção de postos de trabalho decentes.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 482 mil mortos e infetou mais de 9,45 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.